23.5.13

Vivem com fome e sem remédios

Por: Marco Maurício, Correio da Manhã

Mãe e filho epiléticos vivem em casa sem eletricidade e não têm dinheiro para alimentos

Numa casa de Olhão, onde falta eletricidade há dois meses, Vera Deodato, 32 anos, corre desenfreada sempre que ouve os soluços do filho, de 14. É um desespero diário, na habitação escura, quase sem móveis. Nunca sabe se o jovem geme de fome ou atravessa mais uma crise epilética. Ambos sofrem desta doença e de asma brônquica. Mas "não havendo dinheiro para comprar comida, muito menos há para medicamentos", conta Vera Deodato.

O pai do menor não está presente há cinco anos. Com 215 euros de pensão de invalidez de Vera, mais 90 euros de abono do filho, o dinheiro fica aquém das despesas. "Só para a renda da casa são 250 euros. O resto do dinheiro desaparece logo na água e no gás", diz.

Não têm alimentos em casa, nem um único euro. O jovem almoça gratuitamente na escola. Vera diz recorrer ao refeitório social Celeiro de Amor. "Quando dá, trago sopa para a criança. Deito-me sempre sem comer", explica. "Amanhã [hoje] não tenho o que lhe dar antes de ir para a escola", acrescenta.

Apesar de mãe e filho serem doentes, os medicamentos estão fora das contas. Não conseguem cuidar da saúde, tal como não conseguem pagar a dívida de 170 euros à EDP – e que impede nova ligação.