in Público on-line
Família de autarca decidiu abrir terrenos para que munícipes possam cultivar os seus próprios alimentos.
Um vereador da Câmara da Nazaré decidiu disponibilizar terrenos agrícolas a todos os interessados em criarem, sem custos, a sua própria horta.
“Decidimos em família pôr à disposição de quem tiver necessidade ou simplesmente vontade de criar uma horta, alguns milhares de metros quadrados de terras onde podem ser criados talhões para algumas centenas de famílias”, disse à agência Lusa o proprietário dos terrenos António Salvador.
Natural da Nazaré e vereador eleito pelo PSD na câmara local, António Salvador contou com a aprovação da mãe e da irmã (co-proprietárias dos terrenos) para avançar com o projecto que pretende, por um lado, “fomentar o regresso das pessoas à terra numa altura em que o país precisa de recuperar o seu sector produtivo” e, por outro, “ajudar todos aqueles que têm dificuldades em suportar os seus encargos familiares”.
A necessidade será um dos factores a ter em conta na escolha dos candidatos aos terrenos mas, ressalvou António Salvador, a iniciativa não se dirige apenas a carenciados.
“Desde reformados a jovens casais que queiram ocupar o tempo ou pessoas interessadas em experimentar uma nova actividade, todos são bem-vindos e vamos aumentando os talhões à medida que forem chegando os pedidos”, acrescentou. “Se tivermos interessados que nunca tenham cultivado terrenos temos possibilidade de propor uma parceria a uma escola agrícola da região para realizar um workshop de formação básica aos novos agricultores”, adiantou ainda.
Os talhões deverão ter entre 40 a 60 m2, de acordo com as necessidades das famílias candidatas, e disporão de água (de um poço) que poderá ser utilizada para as culturas. A única exigência da família é que “as culturas sejam biológicas, para não haver químicos de uma cultura a interferirem nas culturas do talhão vizinho”, e que todos se articulem “na organização e respeito pelo espaço próprio e dos restantes”, já que não haverá vedações a separar cada uma das hortas.
O projecto tem ainda a vantagem de os terrenos se localizarem “dentro da vila da Nazaré, próximo do sítio”, sendo quase urbanos e de não implicarem deslocações, no caso de serem atribuídos a habitantes locais. A expectativa de António Salvador é que “as hortas tenham muita adesão e sucesso” e que “o exemplo possa ser replicado por todo o país onde haja terrenos incultos que os seus proprietários possam disponibilizar”.
Os interessados em cultivar uma horta deverão inscrever-se, a partir de segunda-feira, no escritório de arquitectura do vereador (na rua Mouzinho de Albuquerque, nº 168), através do preenchimento de uma ficha que “servirá para se poder avaliar o número de interessados e para preparar o processo de adjudicação, por um período de tempo pré-definido”. De fora ficam apenas “empresários agrícolas ou pessoas que pretendam explorar comercialmente as hortas”, já que se trata de “uma iniciativa de solidariedade comunitária”, argumentou.