14.3.08

"Falta de emprego" afasta cientistas de Portugal

in Jornal Público

Quase metade dos investigadores portugueses (45 por cento) que trabalham no estrangeiro afirmam que não tencionam voltar a Portugal a médio prazo devido à "falta de oportunidades de emprego" e de "progressão na carreira", revela um estudo do Instituto de Ciências Sociais (ICS) realizado pela socióloga Ana Delicado.
A investigação refere que apenas 43 por cento dos 521 inquiridos, na maioria estudantes de doutoramento, tenciona regressar a Portugal, para "contribuir para o desenvolvimento do sistema científico e do país", por "razões familiares" e pela "qualidade de vida".

Em reacção aos resultados deste estudo, o investigador António Coutinho, director do Instituto Gulbenkian de Ciência, considera errada a imagem negativa que muitos investigadores portugueses no estrangeiro têm do sistema científico nacional. Em declarações à Lusa, referiu que os portugueses que estão no estrangeiro "têm uma ideia muito má da situação actual em Portugal e acham que as coisas estão a um nível diferente do que de facto estão". "Há muita falta de informação, mas posso garantir que os melhores estão a voltar, principalmente os jovens", disse.

Outra das conclusões deste estudo é a tendência dos investigadores para escolherem países como os Estados Unidos da América ou o Reino Unido para estudar e trabalhar. Uma escolha explicada pelo facto de esses países oferecerem mais recursos financeiros e terem instituições mais prestigiadas. Além disso, são também os países cuja língua é falada por um maior número de pessoas.

Especialista em Sociologia da Ciência, Ana Delicado é doutorada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e é co-autora da obra Os Portugueses e os Novos Riscos, que será editada em breve pela Imprensa de Ciências Sociais. P.T.C.

45% Quase metade dos investigadores portugueses que trabalham no estrangeiro não tencionam voltar a Portugal