22.3.08

Mais de mil adultos em buscade um diploma do Secundário

Inês Schreck, Leonel de Castro, in Jornal de Notícias

Abandono de estudos antes do tempo leva, agora, adultos a procurar recuperar o tempo perdido. E ter mais habilitações pode representar, também, novas oportunidades laborais

Na escola Susana achava as aulas uma perda tempo. Desistiu a meio do Ensino Secundário, engrossando as listas do abandono escolar, mas arrependeu-se. Aos 25 anos, Susana Oliveira sente-se profissionalmente "frustrada". Já viu, por duas vezes, a oportunidade passar-lhe ao lado e ser-lhe negada por falta de habilitações. Decidiu dizer basta e inscreveu-se no Centro Novas Oportunidades da ADEIMA (Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos), a funcionar no Centro Cívico de Custóias. Como Susana há, desde 2007, mais de mil pessoas à procura do diploma do 12º ano. Querem um passaporte para uma vida nova.

Por ironia do destino, quando deixou os estudos, Susana Oliveira foi trabalhar como auxiliar de acção educativa numa escola do segundo e terceiro ciclos. Faz um pouco de tudo, mas nada que a entusiasme. "Gostava de ser mais útil", afirma. Pelo meio, tentou recuperar o caminho perdido, frequentando o Ensino Recorrente à noite, mas não aguentou. "Conciliar com o trabalho era muito complicado", recorda. Recentemente, concorreu a uma vaga para a secretaria da escola onde trabalha. As portas fecharam-se-lhe por não ter o 12º ano. "Decidi que tinha de mudar e vi aqui uma oportunidade de dar o salto", explica.

A experiência de Susana cruza-se com outras. "Temos trabalhadores da função pública, autarcas, pessoas que trabalham por conta de outrém e por conta própria", sintetiza Catarina Pires, coordenadora do Centro Novas Oportun idades (CNO) da ADEIMA. É precisamente a experiência adquirida ao longo da vida que conta na hora de certificar as competências dos inscritos.

O CNO nasceu para qualificar a população adulta que deixou a escola antes do tempo. Apesar da taxa de abandono escolar de Matosinhos ser a terceira menor da Área Metropolitana do Porto, apenas 22% da população têm o 12º ano ou um curso superior.

Depois da inscrição no centro, os adultos que pretendem obter um diploma do Ensino Básico (a funcionar desde 2001) ou do Ensino Secundário (desde 2007) são sujeitos a um diagnóstico para a elaboração de um plano pessoal de qualificação. A partir daqui, são encaminhados, ou para o reconhecimento e validação de competências (no CNO) ou, quando há necessidades formativas maiores, para acções de educação no exterior. No final, são presentes a um jurí que valida as competências e atribui o certificado escolar do nível atingido.