18.3.08

Portugueses desconfiam dos cuidados prestados a idosos

Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias

Permanecer na sua própria casa e ambiente é um dos maiores desejos dos portugueses para a velhice


As pessoas idosas dependentes de cuidados estão também muito dependentes dos seus familiares, segundo expressaram os portugueses inquiridos pelo Eurobarómetro especial sobre a situação da terceira idade entre os 27 países da União. Mas a opinião nacional destaca-se sobretudo por uma preocupação 69% das pessoas consideram que os mais velhos estão a tornar-se vítimas de maus-tratos por parte de quem deles cuida, sejam familiares ou profissionais. Mais preocupados, só os gregos.

Esta é uma das questões em que a realidade social e de assistência dos países pode ter muita influência, sugere a interpretação dos dados feita pelo Eurobarómetro. O receio de maus-tratos desce abissalmente em países como a Suécia e a Dinamarca, onde, por outro lado, são mais elevadas as taxas de cuidados prestados fora do seio da família, por instituições e profissionais. Ainda assim, há em 55% dos europeus o receio de maus-tratos a idosos e em 47% a convicção de que os maus-tratos existem mesmo. E cerca de um quarto considera que a violência é exercida pelos filhos dos idosos. Sobre os lares, os portugueses mantêm-se quase a par da Grécia quanto à desconfiança e no top europeu os cuidados aí prestados têm um padrão que deixa a desejar, dizem.

Os cuidados caseiros, por profissionais, também só merecem 29% de concordância no inquérito, mas isso quanto ao custo acessível. Bem longe situam-se a Bélgica, Suécia e Dinamarca, com cerca de 60%.

Metade dos portugueses admite que se tornará um dia dependente. E também metade, ao ficar dependente por velhice, gostaria de permanecer na sua própria casa e ser cuidado por um familiar próximo, preferência ligeiramente superior à manifestada pela média dos europeus.

Mas Portugal tem das populações com mais dúvidas sobre se receberá cuidados adequados. O nosso país mostra, junto à Roménia, a taxa mais baixa na prestação de cuidados prolongados a familiares no decorrer dos últimos dez anos. Apenas 29% dos cidadãos nacionais o fizeram, diz o Eurobarómetro ontem divulgado.