25.3.08

Três anos para Portugal chegar à média europeia

Alexandra Inácio, in Jornal de Notícias

DGS fez à ministra um ponto da situação sobre a doença em território nacional


Chegar aos 18 em vez dos actuais 25 diagnósticos de tuberculose por 100 mil habitantes é a redução que Governo e Direcção-Geral de Saúde (DGS) esperam atingir nos próximos três anos. A ser conquistada essa meta, Portugal aproxima-se da média da União Europeia. No último ano a taxa de incidência desceu 14%. O problema continua a ser o aumento de casos multirresistente, particularmente na área metropolitana de Lisboa.

"A tuberculose é sempre um risco para a saúde pública. Não podemos descansar", defendeu a ministra, referindo-se ao aparecimento de novas formas multirresistentes. Em 2007 foram diagnosticados 82 casos MR, 68% dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, quase metade eram extensivamente resistente - o tipo de TB que não reage a qualquer dos medicamentos usados para tratar a doença.

Ontem, Dia Mundial da Tuberculose, a DGS fez a Ana Jorge "o ponto da situação" na luta contra a doença. A estratégia, defendeu no final do encontro a ministra, continuará a ser o cumprimento da terapêutica pelos doentes.

Uma rede de referência nacional foi criada. Assim como um sistema de vigilância. Contra a possibilidade de Portugal mudar a legislação para permitir - à semelhança de outros parceiros europeus - o internamento compulsivo no caso das multirresistentes, Ana Jorge insistiu no reforço da informação dada aos pacientes.

O tratamento da TB é gratuito e a toma deve ser feita nos centros de diagnóstico. No caso de um doente faltar, as equipas de apoio domiciliário devem procurá-lo e dar-lhe a medicação. O controlo da infecção nos hospitais e nas freguesias de alto risco, a implementação de novos testes e um programa específico para as prisões são outras prioridades do Plano Nacional contra a TB.

"O internamento compulsivo é ilegal", sublinhou o director-geral de Saúde. Para Francisco George a abordagem deverá ser pedagógica para o isolamento ser consentido. "A revisão da Constituição não me diz respeito", concluiu.

Alerta para o Porto

A taxa de incidência no Porto foi a mais alta do país (38%). Para a estrutura local do PSD o número evidencia as más condições socioeconómicas do distrito. Os sociais-democratas pedem ao Governo um "plano de emergência" que façam do combate à tuberculose uma prioridade nacional "como há décadas".

"É uma doença social. Não bastam medidas pontuais. E vai continuar a aumentar se não seder um salto qualitativo" em termos de emprego, habitação e saneamento básico, defendeu ao JN, Rui Nunes, professor da Faculdade de Medicina do Porto.