10.3.08

Negligência preocupa comissão de menores

Luís Henrique Oliveira, in Jornal de Notícias

O número de casos de menores em risco participados à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Viana do Castelo dobrou entre 2006 e 2007, prendendo-se a esmagadora maioria dos problemas verificados no concelho com situações de negligência, em que as necessidades básicas da criança, ou a sua segurança, não são asseguradas por quem delas cuida.

Famílias "disfuncionais"

Ao efectuar um balanço do trabalho dinamizado pela comissão no ano passado, a presidente daquela estrutura, Cláudia Magalhães, assinalou que, em 2006, foram sinalizados 135 menores, cifra, em 2007, ascendeu para 256. Destes novos casos, precisou que 167 referem-se a episódios de negligência, situações essas que, segundo disse, podem ir de uma precária ou mesmo inexistente prestação de cuidados básicos de saúde e higiene à própria alimentação. Actualmente acompanhadas por técnicos da comissão estão a ser 328 crianças, dizendo metade dos casos respeito a situações de negligência.

Agregados familiares "disfuncionais", que não serão, em muitos dos casos, alheios a problemáticas como as do alcoolismo, a toxicodependência e a violência doméstica, estão, no entender da responsável, na origem da esmagadora maioria dos problemas, contribuindo o aumento do desemprego e a baixa qualificação profissional de elevado número de pais para agravar o cenário.

Maus tratos físicos

De acordo com Cláudia Magalhães, entre 2000 e 2003 foram identificados, em todo o distrito de Viana do Castelo, 83 casos de negligência parental, considerando a técnica que o aumento do número de participações ficará, também, a dever-se a uma "maior consciencialização" da comunidade relativamente a problema que atinge "os mais vulneráveis indivíduos da sociedade".

Segundo a técnica, o absentismo e o abandono escolar constituíram situações acompanhadas de perto pela comissão, que sinalizou perto de 60 casos no ano passado, tendo 24 processos dado entrada na estrutura por maus tratos físicos. "São situações abomináveis, mas que, infelizmente, continuam a verificar-se. Existirá, agora, é uma maior preocupação da comunidade para pôr cobro a isso", considerou.