in Jornal de Notícias
Os professores portugueses têm um nível de stress superior à população norte-americana, considerada uma das sociedades mais stressantes, conclui um estudo sobre o esgotamento físico e mental.
Alexandre Ramos, autor do estudo sobre "burnout" (esgotamento físico e mental) entre os docentes portugueses, explicou à agência Lusa que, com base nas suas conclusões, "a grande maioria dos professores encontra-se em níveis médios e baixos de "burnout", mas nenhum se encontra no estado de ausência [de 'burnout"], o que parece ser preocupante".
Alexandre Ramos realizou dois trabalhos: um estudo na escola secundária de Camões (com 26 dos 140 professores) e outro a nível nacional, abrangendo 10 escolas.
Quando comparou o nível de stress dos professores com dados obtidos em 2002, o investigador verificou que se regista uma ligeira descida, passando de 19,17 para 17,45.
No entanto, realçou que "os professores portugueses têm um nível de stress superior à população norte-americana", considerada uma das sociedades mais stressante e onde o valor (de 'burnout') é de 13,02.
"Se queremos preservar a qualidade de ensino nas escolas, é indispensável preocuparmo-nos seriamente e imediatamente com a saúde dos professores", alertou o especialista, que considera o problema preocupante por causa da qualidade de ensino nas escolas.
O psicólogo clínico e de aconselhamento explicou que o "burnout" tem três dimensões: a exaustão emocional, a despersonalização e a perda de realização pessoal no trabalho.
O nível de "burnout" detetado por Alexandre Ramos era baixo em 35,8 % dos professores, médio em 43,8% e alto em 20,4%.
"Nenhum dos professores inquiridos apresentava ausência de "burnout", ou seja, condições nulas em exaustão emocional e despersonalização, nem pontuações elevadas na realização pessoal no trabalho", referiu.
Os fatores que o psicólogo clínico e de aconselhamento apontou como contributos para a situação de "burnout" são "a indisciplina dos alunos, as más relações com os colegas de trabalho e com a direção, a carga objetiva de trabalho e a burocracia".
O investigador recordou que "um nível muito elevado de "burnout" está altamente associado a problemas de saúde e absentismo no trabalho".
Os sintomas de mau estar ocupacional mais relatados são a falta de tempo para a família e amigos, dores musculares, de coluna e de cabeça, perda de energia e cansaço, irritabilidade e perda de paciência com facilidade, esquecimentos e sentimento de falta de reconhecimento profissional.
O investigador também concluiu que os professores menos propensos a "burnout" são os de informática e avança uma possível explicação: "Talvez os níveis de indisciplina sejam menores nessas aulas, pois os alunos estão mais ocupados a trabalhar no computador".