Margarida Madaleno, in Público on-line
Um relatório do Banco Mundial revela que em 2030 os países em desenvolvimento contribuirão mais para as poupanças mundiais que os países desenvolvidos.
Segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Mundial, dentro de 17 anos, os países em desenvolvimento dominarão as poupanças e o investimento mundial.
Para ilustrar o futuro do investimento global, o Banco Mundial idealiza dois cenários diferentes: um em que a convergência entre países desenvolvidos e em países em desenvolvimento é mais gradual, e outro em que é mais rápida. Assim, prevê-se que, num cenário mais pessimista, em 2030 o rendimento per capita dos países em desenvolvimento será equivalente a 16% do dos países desenvolvidos. De acordo com expectativas mais optimistas, este valor será igual a 19%.
Em termos de crescimento global, o Banco Mundial acredita que a taxa de crescimento se situará entre os 2,6% e 3%, com os países em desenvolvimento a crescerem entre 4,8% e 5,5%, contribuindo entre 87% e 93% para o crescimento mundial. Este crescimento, juntamente com a maturação dos mercados financeiros dos países em desenvolvimento, é a chave do crescimento do investimento nestes países.
O envelhecimento da população levará a níveis mais baixos de poupança em todo o mundo. Contudo, isto sucederá a um ritmo mais lento em países em desenvolvimento como o Brasil e o México. A África Subsariana será a única região cujo nível de poupança se manterá inalterado.
Em termos absolutos, continuarão a ser o Médio Oriente e a Ásia os grandes pólos da poupança. A China será o país com o maior nível de poupanças em 2030, contando com cerca de 7 biliões (milhões de mihoes) de euros, tendo ultrapassado os níveis dos Estados Unidos e Japão nos anos 2020. Já os países desenvolvidos diminuirão a sua quota no nível de poupanças mundial, baixando a sua contribuição de 12% para 9,1% da produção global.
Consequentemente, a China será responsável por 30% do investimento mundial, com o Brasil, India e Rússia a representarem 13%. Os países em desenvolvimento irão investir principalmente no sector de serviços e infra-estrutura, em grande parte porque o seu rendimento médio per capita aumentará. Entre 2010 e 2030, o investimento em serviços crescerá de 57% para 61%.
“Sabemos por experiência de países tão diversos como a Coreia do Sul, Indonésia, Brasil, Turquia, e África do Sul que o investimento é fulcral para o crescimento a longo prazo. Em menos de uma geração, o investimento global será dominado pelos países em desenvolvimento. E desses países em desenvolvimento, a China e a India serão os maiores investidores, com os dois países responsáveis por 38% do investimento em 2030. Tudo isto mudará a paisagem da economia global,” diz Kaushik Basu, vice presidente do Banco Mundial.
Com o fim da hegemonia americana e europeia, assistir-se-á a um aumento do número de grandes pólos monetários. Deste modo, a economia global e os países em desenvolvimento serão menos afectados pelas políticas monetárias dos EUA e da Europa.