por Alexandra Machado, in Negócios on-line
Por cada empresa que morre nascem 2,4 sociedades. Em 2013 foram criadas, em Portugal, mais de 35 mil empresas, para 14,5 mil dissoluções naturais. São as empresas que nascem que garantem 50% do emprego criado. De acordo com dados da DB Informa, quem cria essas empresas está a empreender, numa média de 60% dos casos, pela primeira vez, quando se trata de investidores individuais.
Ainda de acordo com a DB Informa, em média, 20% das empresas constituídas em cada ano nunca chegam a arrancar. Ao fim de três anos são menos de 50% as empresas criadas que ainda estão em actividade. E a taxa de sobrevivência ao fim do primeiro ano tem vindo a diminuir. Há projectos que falham. Muitos em áreas como as biotecnologias, onde demora anos para se conseguir chegar ao mercado. E muitas vezes sem investidores dispostos à incerteza do longo prazo.
Recentemente, a Bioalvo, que foi tantas vezes noticiada como uma empresa com potencial, chegou ao fim da linha. O Tribunal do Comércio de Lisboa proferiu, em Fevereiro, "sentença de declaração de insolvência" da Bioalvo. A fundadora Helena Vieira não esteve disponível para falar do processo. Mas lamentou sempre a dificuldade em arranjar financiamentos.
Paulo Andrez, presidente da EBAN (associação europeia de "business angels"), assume que "falhar não é mau desde que a pessoa esteja preparada para esse falhanço ao nível material e imaterial (psicologicamente)". Para este responsável, "é importante falhar sem grandes custos para o empreendedor".
Há projectos que têm de falhar
Ricardo Luz, presidente da Invicta Angels e ele próprio investidor, já esteve envolvido em projectos que não seguiram em frente. Não quer, ainda, falar deles, mas assume que "há casos em que o projecto falhou porque não havia mercado". E há que assumir: "Uns funcionam, outros não". Quando não há mercado "não vale a pena insistir". Nos investimentos, diz, é preciso uma dose de realismo muito grande. Por vezes tem de assumir-se que o problema não é do projecto, mas do empreendedor.
Também há casos em que se falha, mas ainda existe potencial para dar a volta. Aí há que reformular. Ainda recentemente um email chegava aos utilizadores da Modelo 3. "Os meses de entrega da declaração de IRS estão ao virar da esquina, e tenho notícias boas e menos boas sobre a Modelo 3". Este ano não haverá serviço disponível da Modelo 3, explicava-se nessa mensagem. "Chegámos à conclusão de que a solução a que chegámos não tem ainda a qualidade que queremos para um serviço desta natureza. No entanto, tenho também uma boa notícia: o tempo que ganhámos será usado para garantir um Modelo 3 mais fácil e mais inteligente".
A Modelo 3 está a reformular-se. Em todos estes casos, o conselho para o empreendedor, avança Marta Miraldes, "managing partner" da SBI Consulting, é apenas um: "Voltar a tentar, sempre. Falhar mais, falhar melhor, até acertar".