25.3.14

Vieira da Silva: "A austeridade reforçada aumentou pobreza e desigualdades"

por Jornal de Negócios

O antigo ministro socialista diz que a subida da taxa de pobreza em 2012 é fruto da austeridade “reforçada” que também aumentou as desigualdades.

O dirigente do PS Vieira da Silva responsabilizou nesta segunda-feira o Governo PSD/CDS-PP pelo agravamento da taxa de pobreza em Portugal, considerando que é fruto do "caminho da austeridade reforçada" e defendeu um novo caminho assente no crescimento económico. "Estes indicadores não são apenas um alerta. São a confirmação de uma intensa e profunda degradação das condições de equilíbrio e coesão social e são fruto de um caminho errado, da austeridade reforçada, em dobro", afirmou.

O antigo ministro socialista sublinhou que os indicadores mostram não só o aumento do número de pessoas em situação de pobreza mas também um agravamento da "intensidade da pobreza".

De acordo com os mais recentes inquéritos às condições de vida, publicados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de pobreza subiu para 18,7% em 2012, o que compara com 17,9% no ano anterior em que havia descido ligeiramente. Trata-se do valor mais alto desde 2005, ano em que a taxa de pobreza se cifrou em 18,5%, após 19,4% e 20,4% nos dois anos imediatamente anteriores.

A subida do risco de pobreza concentra-se nos desempregados e nas famílias com filhos, sendo

Estes indicadores não são apenas um alerta. São a confirmação de uma intensa e profunda degradação das condições de equilíbrio e coesão social e são fruto de um caminho errado, da austeridade reforçada, em dobro.

Os jovens até 18 anos os que vivem as situações mais precárias. Já entre os reformados, o risco de pobreza continua a cair e é de 12,8%, bem abaixo da média da população portuguesa.

Em relação à desigualdade, nem todos os indicadores de desigualdade se movimentaram no mesmo sentido. O coeficiente de Gini - que tem em conta toda a distribuição dos rendimentos entre todos os grupos populacionais, e não apenas os de menores e maiores recursos – desceu ligeiramente de 34,5% em 2011 para 34,2% em 2012, apontando para uma distribuição menos desigual ao longo de toda a curva de rendimentos. Contudo, o fosso de rendimento entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, subiu de forma acentuada, passando de 10 em 2011 (era de 9,4 em 2010) para 10,7 em 2012. Ou seja, os 10% mais ricos em Portugal têm rendimentos quase 11 vezes superiores aos dos 10% mais pobres.

O INE apresenta ainda dados provisórios relativos a 2013 no que respeita à privação material, designadamente a "severa", que apontam para uma acentuada degradação deste indicador, de 8,6% em 2012 para 10,9% (era de 9% em 2010 e de 8,3% em 2011). Para esta subida contribuiu essencialmente a percentagem muito elevada (59,8%) de pessoas inquiridas que responderam viver em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa.

O segundo maior motivo para a subida deste indicador reside no facto de mais de 40% dos inquiridos (43,2%) viver em agregados sem capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza, ou seja, de 409 euros. 28,0% das pessoas viviam ainda em agregados sem capacidade para manter a casa adequadamente aquecida.

O indicador de privação material severa corresponde à proporção da população em que se verificam pelo menos três de nove dificuldades, entre as quais figuram ainda não ter televisão a cores, telefone fixo ou telemóvel ou automóvel devido a dificuldades económicas