24.3.14

Proprietários de casas com menores encargos na habitação

in iOnline




Segundo o Eurostat, as famílias que gastam mais de 40% do rendimento em habitação a arrendar casas




As famílias que compraram casa têm menos encargos financeiros do que as que arrendam, por terem amortizado já parte das suas dívidas, segundo Isabel Guerra, professora do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), citando dados do Eurostat de 2011.

Numa intervenção num debate da semana da reabilitação Lisboa 2014, a especialista, ligada ao projeto académico Trajetórias Residenciais, afirmou que o "acesso à propriedade tem menos encargos e menos incumprimento" em comparação com quem está no regime de arrendamento.

A professora admitiu "algum espanto" com os dados recolhidos, que mostram menos custos da habitação comparativamente com médias europeias, mas comentou que uma taxa de esforço é diferente para "rendimentos de 500 euros ou de 5.000 euros".

"A taxa de esforço é menor porque parte significativa já amortizou as suas casas", explicou.

Na sua apresentação, Isabel Guerra lembrou que o final do crédito bonificado em 2002, o que levou à diminuição na procura de empréstimos, o que "pode ter sido positivo" porque, assim, Portugal não sofreu tanto com a crise de 2008.

Citando números da comunidade europeia, a especialista apresentou dados sobre as famílias que gastam mais de 40% do rendimento em habitação a arrendar casas.

O incumprimento quer na amortização, quer no arrendamento tem aumentado, adiantou a professora catedrática, referindo que os números nacionais são maiores que os espanhóis, mas menores que os gregos.

Nas entrevistas para o projeto Trajetórias Residenciais ficou revelado que as mudanças de casa de devem sobretudo a razões familiares, compra de casa, motivos laborais e procura de conforto.

Nos perfis traçados, o projeto do ISCTE na região de Lisboa mostrou que cerca 31% das famílias muda de casa em regime de propriedade e 33% em regime de arrendamento.

De casa comprada para arrendamento a percentagem é de quase 3%.

Os dados indicam ainda que Lisboa tem mais arrendatários em comparação com as outras regiões da área metropolitana, encontrando-se mais proprietários na margem Sul do Tejo.

O estudo mostra ainda que "Lisboa chama pessoas", com quase 40% dos habitantes nascidos e criados e 20% provenientes de fora da Área Metropolitana de Lisboa.

Quanto a grupos sociais, a especialista indicou que a cidade de Lisboa tem uma maior percentagem de empresários e quadro dirigentes, quer em comparação com os números nacionais, quer com a área metropolitana.

Outro traço da capital, segundo a professora, é o "peso enorme" das famílias monoparentais, recordando o número de idosos a residir nos bairros históricos, mas também destacou que há população ativa e estudantes, numa proporção de 1/3 desse total.

Nas entrevistas feitas neste projeto, a casa ideal eleita foi sempre a moradia nova.