in iOnline
Dados do mais recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística (INE) referem que o número de portugueses em risco de pobreza aumentou entre 2011 e 2012, atingindo 18,7% da população
Um relatório da Cáritas Europa, que é apresentado hoje em Atenas, alerta que a "austeridade não está a funcionar" na Europa e o "crescimento, se é que existe, ainda é ridiculamente baixo".
"Cinco anos depois do início da crise, o crescimento, se é que existe, ainda é ridiculamente baixo. O desemprego continua a aumentar", assim como o número de pessoas em situação de pobreza, adverte o relatório "Consequências humanas da crise na Europa".
O segundo relatório anual da Cáritas Europa analisa o impacto das políticas que estão atualmente a ser implementadas nos diferentes países da União Europeia mais afetados pela situação de crise (Portugal, Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Roménia e Espanha) e os seus efeitos na vida das pessoas.
"Acreditamos que este relatório pode contribuir para uma maior consciência do impacto da crise sobre os grupos de pessoas mais vulneráveis", afirma o secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Nuño Mayer, citado num comunicado da Cáritas portuguesa.
Jorge Nuño Mayer adianta que o relatório confirma os alertas que a Cáritas tem deixado para que se encontrem soluções políticas alternativas.
"Os políticos têm alternativas nas decisões e medidas que devem ser tomadas e têm a responsabilidade de atenuar os piores efeitos da crise nestas camadas da população", defende o secretário-geral da Caritas Europa.
O relatório, que é lançado uma semana antes da reunião do Conselho Ecofin (ministros das Finanças da UE), descreve os efeitos das medidas de austeridade na vida das pessoas e documenta "o crescente número de pessoas que enfrentam situações de pobreza e exclusão social".
Destaca ainda como a crise tem afetado os serviços sociais e de saúde.
O documento analisa as taxas de emprego e de desemprego, os níveis de pobreza e exclusão social, o estado dos serviços públicos em geral, e dos cuidados de saúde, em particular, e o nível de confiança em instituições nacionais e europeias e a coesão social nesses países.
A análise é feita através da "Fórmula Cáritas", que consiste na combinação de números oficiais do Eurostat e dos institutos nacionais de estatística com informações recolhidas nas centenas de centros de apoio da Caritas nos países abrangidos no relatório.
Esta combinação única permite fazer uma medição muito precisa da situação socioeconómica da população, desde a classe média até às pessoas mais vulneráveis.
Dados do mais recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística (INE) referem que o número de portugueses em risco de pobreza aumentou entre 2011 e 2012, atingindo 18,7% da população (quase dois milhões de pessoas).
O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, fará a apresentação da realidade vivida em Portugal.