Por António Ribeiro Ferreira, in iOnline
EPAL admite que a subida do preço da água este ano deve ser idêntica à inflação no dia em que anunciou lucros de 40 milhões de euros em 2013
É mais um forte contributo para se fazer o retrato do país depois de três anos de troika e de políticas de austeridade que atacatam sobretudo salários e pensões da classe média. E se na segunda-feira se comentou muito o facto de em 2013 a Empresa Portuguesa de Águas Livres, a EPAL, ter cortado o abastecimento de água a 11 836 casas em Lisboa, o que representa um aumento de 15% face ao verificado no ano anterior, ontem foi dia para a empresa revelar os resultados de 2013 e prever que o tarifário da água vai subir de acordo com a inflação a curto prazo.
Chafarizes e fontanários Mas importa realçar o facto da empresa de capitais públicos ter desvaloriza os cortes de água às famílias, com o seu secretário-geral, José Manuel Zenha, a dizer que "o serviço público não é gratuito" e que "a cidade está cheia de chafarizes e fontanários e ninguém morre à míngua por causa dos cortes" do abastecimento doméstico.
74% de redução da factura Uma verdade que mostra o estado a que chegou o país na segunda década do século XXI. Ainda sobre a pobreza crescente em Portugal, o presidente da Empresa Portuguesa das Águas Livres, José Manuel Sardinha, falou sobre o tarifário social, introduzido em Agosto do ano passado e que permite uma redução de 74% na factura da água a famílias carenciadas, José Sardinha avançou que houve 1532 adesões em sete meses, mas para ter direito ao tarifário social o agregado familiar deverá ter rendimentos na ordem dos 400 euros, valor que compara com o ordenado mínimo de 485 euros.
Famílias numerosas Mas como a situação social continua a agravar-se, com a pobreza a aumentar de forma assustadora, como revelou o INE esta semana, o presidente José Sardinha disse que a EPAL tem planos de pagamento a oito anos e um tarifário para famílias numerosas, que introduz um factor de desconto em função do número das pessoas do agregado.
Aumento igual à inflação O presidente da EPAL, José Manuel Sardinha, também falou nos aumentos dos preços e admitiu que a actualização tarifária da água deverá acompanhar o nível de inflação. Escusando-se a avançar qual o valor da actualização tarifária já proposta e em fase de apreciação na Direcção-Geral das Actividades Económicas (DGAE), José Manuel Sardinha lembrou que "acompanha normalmente o nível da inflação e por vezes fica até abaixo".
O presidente da EPAL reforçou que o valor não se deve alterar muito e, quando questionado pelos jornalistas sobre a data do novo preçário, afirmou que não há um mês definido para a divulgação e que todos os anos a data se altera. No ano passado, a actualização tarifária foi feita em Agosto e representou um acréscimo de 0,61% para os clientes diretos.José Manuel Sardinha falava num encontro com jornalistas a propósito dos resultados de 2013 da empresa pública detida integralmente pelas Águas de Portugal, ano em que registou uma quebra do lucro de 8% para 40 milhões de euros.
Com Lusa