Ana Margarida Pinheiro, in Dinheiro Vivo
Mais de 40% dos portugueses desempregados estavam em risco de pobreza em 2012, uma subida de 1,9 pontos percentuais face a 2011, de acordo com o Inquérito do INE às condições de vida e rendimentos dos portugueses.
Em Portugal, o risco de pobreza afecta 18,7% dos portugueses, mas são os desempregados os mais vulneráveis a esta situação, onde a percentagem sobe para 40,2%. Mas se a estes se juntarem os portugueses inativos, a taxa sobe para 69,7%.
Os valores dos desocupados e dos sem emprego contrastam com os dados que dão conta de uma descida do risco de pobreza para os portugueses com um emprego, e até mesmo dos reformados.
Os dados estatísticos do Inquérito do INE às Condições de Vida e rendimento revelam que o risco de pobreza registou um aumento de 0,6 pontos percentuais para a população empregada (10,5% em 2012) e uma diminuição de 3,1 pontos para a população reformada (12,8% em 2012).
No geral, a taxa de risco de pobreza subiu para 18,7% em Portugal, mais 0,8 pontos do que o registado em 2011. No fundo, mais de 1,8 milhões de portugueses em risco de pobreza. Isto verificou-se a par de uma queda do rendimento monetário líquido dos portugueses, que recuou 1,8% entre 2011 e 2012.
E, se não fossem as transferências sociais, seriam ainda mais portugueses, já que só pelos rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, a taxa subiria para os 46,9% dos portugueses. No entanto, as verbas entregues como prestações sociais (doença, desemprego, inserção social, abono de família) fazem-na descer para os tais 18,7%.
A par desde aumento do risco de pobreza, o maior de sete anos, o INE dá também conta de que a desigualdade aumentou entre os mais ricos e os mais pobres. O rácio S80/S20, que mede a distância de rendimentos entre os portugueses 20% mais ricos e os 20% mais pobres, atingiu os seis pontos, depois de 5,8 em 2011.
Em sentido contrário esteve o coeficiente de Gini, que mede a assimetria da distribuição de rendimentos melhorou ligeiramente para os valores de 2010 (34,2%). Mas o INE não tem dúvidas: "Mantém-se uma forte desigualdade na distribuição dos rendimentos".