Ana Rute Silva, in Público on-line
Na Europa, 11% dos inquiridos pelo Eurobarómetro admitem ter adquirido produtos ou pago a alguém de forma não declarada.
No último ano, 10% dos portugueses admitem ter comprado bens ou serviços na economia paralela e 2% reconhecem ter auferido rendimentos não declarados, revela um inquérito do Eurobarómetro realizado nos 28 Estados membros.
Em média, entre os países da União Europeia (UE), um em cada dez europeus admite ter adquirido produtos ou pago a alguém de forma não declarada. E um em cada 30 recebeu por fora parte do salário (2% em Portugal). Cerca de 4% recebem dinheiro em troca de trabalho ilegal.
Comparando com 2007, a percentagem de portugueses que compraram na economia paralela aumentou três pontos. E um quarto dos inquiridos admite que compra, sobretudo, produtos alimentares. Seguem-se os serviços de reparação ou renovação da casa (22%) e a reparação de automóveis (13%).
Em termos médios globais, reparações e renovações em casa (29%), reparações automóveis (22%), serviços domésticos (15%) e alimentação (12%) são os bens e serviços não declarados com maior procura.
Grécia (30%), Holanda (29%), Letónia (28%), Dinamarca e Malta (23%) e Eslovénia (22%) são os países com maior número de inquiridos a admitir ter comprado produtos não declarados. No lado oposto, estão o Reino Unido e Espanha (8%), Alemanha (7%) e Polónia (5%). Há, contudo, diferenças quanto ao tipo de bens adquiridos; enquanto na Holanda e Dinamarca se gasta mais em serviços de jardinagem e limpeza, na Grécia, Letónia, Malta ou Eslovénia a economia paralela é mais frequente nas áreas da saúde.
De acordo com o Eurobarómetro, os europeus gastam anualmente 200 euros com estas despesas e o montante médio anual auferido pelos que trabalham sem declarar rendimentos ascende a 300 euros. Questionados sobre quanto gastaram, nos últimos 12 meses, com estes produtos ou serviços, 48% dos portugueses dizem “não saber”, 10% indicaram entre um a 50 euros e outros 10% entre 51 a 200 euros.
Na Europa, quem trabalha de forma ilegal presta, sobretudo, serviços de reparação e renovação de casas (19%), jardinagem (14%), limpeza (13%) e guarda de crianças (12%).
Questionados sobre os motivos que levam a comprar estes produtos ou serviços, 60% dos europeus dizem que o preço mais baixo é determinante na escolha. Em Portugal, a percentagem é ligeiramente acima da média da UE: 62%. Ainda assim, 24% dos portugueses dizem ter comprado para ajudar alguém que precisa, valor que aumentou 14 pontos comparando com respostas dadas em 2007. Cerca de 35% compram a amigos, colegas e conhecidos (42% da UE).
A Comissão Europeia diz que o trabalho não declarado “continua a ser um problema disseminado na Europa, apesar da escala e da percepção do fenómeno variar em função do país”. E para tentar travar a tendência prepara-se para lançar uma plataforma de prevenção e dissuasão do trabalho ilegal, para “intensificar a cooperação entre Estados-membros na perspectiva de combater o problema com maior eficácia”.
“Os Estados-membros têm de pôr em prática políticas que desincentivem o trabalho não declarado ou fomentem a sua transformação em trabalho regular, cooperando mais estreitamente para combater este flagelo”, defendeu László Andor, Comissário da UE para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Inclusão.