por Filipa Lino, in Negócios on-line
"É importante que o poder político perceba que a classe média portuguesa está completamente esmagada contra a parede". A frase é de Jorge Morgado, o secretário- geral da DECO.
A Associação de Defesa do Consumidor recebe diariamente através das suas linhas de apoio centenas de casos de famílias em aperto financeiro.
"É verdade que há muita gente a viver muito mal, que já não tem salários ou que teve uma degradação salarial muito forte" mas "também é verdade que quem mantém salários, com toda a carga fiscal que foi inventada nos últimos anos, já tem muitas dificuldades". Por isso Jorge Morgado não vê com bons olhos a aplicação de uma taxa sobre os levantamentos, proposta por Teodora Cardoso.
"É importante que quem estuda estas medidas tenha também atenção sobre os impactos. Por muito pequenos que sejam são mais gotas dentro de um copo que já está cheio”, afirma.
E alerta também para os riscos de segurança que, a seu ver, a medida implica.
"Estaríamos a fazer com que os portugueses tivessem a tendência para fazer levantamentos maiores do que aqueles que precisariam. Seria mais dinheiro fora dos bancos, aumentando a insegurança das próprias famílias", conclui.
A presidente do Conselho de Finanças Públicas propôs esta segunda-feira que se equacione a criação de uma taxa sobre os levantamentos de dinheiro de contas onde os cidadãos recebam salários e pensões. Este imposto "seria progressivo sobre o valor da despesa e não sobre o rendimento", e substituiria o IRS e eventualmente também o IVA.