26.3.14

Metade dos alunos do 3.º ciclo já pensam em emigrar

Por Rosa Ramos, in iOnline

Eles querem ser desportistas e elas médicas. Rapazes ou raparigas, muitos dos jovens entre os 12 e os 15 anos pensam em sair do país

Têm entre 12 e 15 anos, estão a estudar no 3.o ciclo do ensino básico em escolas de todo o país e já acreditam que o futuro passa pela emigração. Quase metade (46%) dos cerca de 2 mil alunos que participaram num inquérito da associação Empresários pela Inclusão Social (EPIS) estão convencidos de que terão de emigrar para arranjar trabalho.

O estudo, que é apresentado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, avaliou expectativas, preferências e capacidades de estudantes de 18 concelhos e conclui que os jovens em situação de risco de insucesso escolar são os mais pessimistas face ao futuro: 48% acreditam que terão de emigrar para encontrar trabalho, contra 44% dos alunos sem risco. Ainda assim, quando questionados sobre se consideram Portugal um bom país para viver, 71% dos alunos responderam que sim.

Segundo o inquérito, a principal preocupação dos estudantes é o sucesso na escola (70%), seguindo-se o futuro profissional (58%), a aparência física (38%) e a morte (32%). Não ter amigos (19%), mudar de escola (14%) e o desemprego (14%) são as outras angústias mais referidas. Dados que, segundo a EPIS, não apresentam grandes variações em função do género ou do rendimento escolar. "O estudo parece indicar que os jovens se preocupam de uma forma bastante homogénea quanto à vida futura, sejam rapazes ou raparigas, sejam melhores ou piores alunos", explica o director-geral da associação. Diogo Simões Pereira acrescenta que os estudantes do 3.o ciclo "parecem sonhar de modo bastante semelhante a sua realização pessoal, que entendem passar pelo sucesso escolar e pela escolha de uma profissão".

Desportistas e médicos Sobre o tipo de carreira que ambicionam para o futuro, 37% dos estudantes do 3.o ciclo confessam não ter ainda pensado no assunto. Ainda assim, a profissão de desportista é a mais desejada (9%), seguida de perto pela Medicina (8%). A Veterinária (4%) e a Informática (3%) são as outras profissões mais referidas. Analisando os dados por género, 18% dos rapazes querem seguir Desporto e 5% Informática. Já elas preferem a Medicina (10%) e a Veterinária (7%).

Hobbies e interesses E o que fazem os jovens entre os 12 e os 15 anos nos tempos livres? De acordo com o estudo, os principais hobbies dos rapazes são o desporto (75%), os jogos de computador (71%) e ouvir música (35%). Os interesses das raparigas parecem ser menos homogéneos. Mais de metade (54%) dizem preferir ouvir música, 36% responderam que costumam estar com amigos e 34% liga-se às redes sociais.

"Numa sociedade em que a inclusão social e a igualdade de género são realidades adquiridas, o desafio dos pais e dos professores é enorme no sentido de, o mais cedo possível, se compensarem gaps como os analisados, motivados pelas diferenças de género e de sucesso escolar", conclui Diogo Simões Pereira, defendendo uma maior aposta na educação personalizada, na família e na escola, em que cada aluno é objecto de atenção "especial e diferenciada", potenciando "ao máximo" a capacidade de todos.