por Eunice Lourenço, in RR
Nos últimos oito anos, morreram, em Lisboa, mais de mil pessoas sem família, sem abrigo. Os corpos não foram reclamados e os funerais foram pagos pela Santa Casa da Misericórdia.
Neste Dia Mundial pela Erradicação da Pobreza, a Renascença fala-lhe da pobreza de não ter ninguém. A Irmandade da Misericórdia e de São Roque lembra as 116 pessoas que, no último ano, morreram em Lisboa e que não tiveram ninguém a reclamar o corpo.
Nos últimos oito anos, morreram na cidade de Lisboa 1092 pessoas sem família, sem abrigo, sem amor. Os seus corpos não foram reclamados por ninguém. Os seus funerais foram pagos pela Santa Casa da Misericórdia e a acompanhá-los estiveram membros da irmandade de São Roque.
“Quando não há família, quando não há ninguém que reclame o corpo, pensamos que somos todos filhos do mesmo pai, que é Deus, e já que não estão presentes os irmãos de sangue, estão presentes os irmãos de espírito”, explica Mário Pinto Coelho, um dos vice-provedores da Irmandade, que esta quarta-feira convida os lisboetas a rezarem pelos 116 pobres ou sem-abrigo que morreram no último ano e cujo funeral foi acompanhado pelos irmãos de S. Roque.
Não sabem sequer os nomes de 19 deles. Mas vão todos ser lembrados na missa que, como todos os anos, a irmandade celebra no Dia Mundial pela Erradicação da Pobreza.
“A cidade reza pelos seus mortos, por aqueles que tratou mal, que não acompanhou e que, abandonados, morrem sozinhos na rua ou em casa ou no hospital, mas sem ninguém, sem abrigo muitas vezes, sem amor, sem ninguém. Nós estamos lá”, diz Mário Pinto Coelho.
Com estes gestos, a Irmandade põe em prática duas das Obras de Misericórdia recomendadas a todos os cristãos: cuidar dos mortos e rezar por eles.
A missa está marcada para as 18h30, na Basílica dos Mártires, e vai ser presidida por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa. Estão convidados representantes de outras confissões religiosas.