por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, im Diário de Notícias
A Cáritas Portuguesa e a Associação CAIS lançam hoje uma série de iniciativas com o objetivo de apelar a uma participação mais ativa dos cidadãos no combate à pobreza e na criação de emprego.
A propósito do Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, que hoje se assinala, a Cáritas lança uma campanha que pretende sensibilizar os cidadãos para assumirem uma posição mais relevante na luta contra este flagelo.
O presidente da Cáritas portuguesa, Eugénio Fonseca, assinala o facto de este dia ser antecedido do Dia Mundial da Alimentação, para lembrar "o empobrecimento de milhares de famílias portuguesas, que jamais julgariam cair nesta condição de penúria", e que ficaram privadas de direitos "humanamente inalienáveis", como o da alimentação.
"Segundo o INE, reportando-se a dados de 2010, Portugal registava 18% da sua população em risco de pobreza, quando na Europa eram 16%", afirmou o responsável, sublinhando que estes números "não espelham a realidade", porque a crise económica agravou a situação de pessoas já muito vulneráveis.
Para Eugénio Fonseca, um "passo determinante" é a criação de condições que gerem a autonomia dos empobrecidos, sendo a criação de emprego uma dessas condições, mas para isso é desejável a promoção de iniciativas de desenvolvimento sociolocal, visando a solução dos problemas de emprego e de outros problemas sociais, a partir da atividade de animadores locais em regime de voluntariado.
Na campanha que vai lançar, a Cáritas Portuguesa vai reforçar os "10 mandamentos" contra a fome através de posters, postais e brochuras a serem distribuídos durante o dia em todo o país.
"A Cáritas Portuguesa pretende que todas as pessoas repensem a sua atitude diária no que toca, por um lado, à sua postura em relação à luta pela erradicação da pobreza e, por outro, que tomem conhecimento e se tornem mais participativas na discussão pública sobre as políticas de erradicação da pobreza", afirma Eugénio Fonseca.
Com as suas iniciativas, a Associação Cais quer sensibilizar a comunidade em geral e o setor empresarial em particular para as soluções de empregabilidade e de apoio a pessoas em situação de carência extrema.
A Cais apela à reflexão conjunta, para encontrar soluções, na página do Facebook, irá disponibilizar dados estatísticos sobre a pobreza em Portugal e apresentará uma série de soluções e de programas de sucesso, criados pela associação.
Segundo a Cáritas Internacional, cerca de 1,2 mil milhões de pessoas (20% da população mundial), vive penosamente, muito abaixo do limiar mínimo da pobreza (com menos de um dólar por dia), 850 milhões de seres humanos sofrem de fome e 30 mil morrem de causas diretamente relacionadas com a pobreza.
Existem no mundo 100 milhões de crianças com menos de cinco anos que vivem subnutridas e adormecem cheias de fome, das quais morrem, anualmente, cerca de 2,5 milhões por falta de alimentação adequada.
Entre os países desenvolvidos, "escondem-se" 16 milhões, dos 868 milhões, de famintos existentes em todo o mundo.
Eugénio Fonseca lembra a propósito, que esta realidade não resulta da falta de bens mas de uma "escandalosamente injusta" distribuição dos mesmos, que é preciso erradicar para se conseguir a "tranquilidade pessoal e coletiva".