Por Filipe Paiva Cardoso, in iOnline
Seguros oferecem protecção por um máximo de apenas 5 a 6 meses, longe da necessidade do país
Em nome da “austeridade a qualquer custo e a qualquer preço”, conforme colocou António José Seguro, existiam no final do primeiro semestre deste ano 463 mil desempregados sem direito a subsídio em Portugal – apesar das condições para ter acesso a esta prestação terem sido aligeiradas, o prazo de validade e o valor da mesma foi reduzido. Há assim 56% de trabalhadores sem emprego que não têm direito a qualquer apoio do governo, sobretudo por se encontrarem sem trabalho há mais de doze meses.
Dos 827 mil desempregados reconhecidos oficialmente pelo Instituto Nacional de Estatística no final de Junho deste ano, menos de 384 mil estão nesta situação há menos de um ano.
Com a taxa de desemprego no final do primeiro semestre a chegar aos 15%, e com todas as previsões a apontarem para a continuação da subida deste valor para no mínimo 16% no próximo ano – previsão optimista do governo –, não é de estranhar que os residentes em Portugal ainda com emprego comecem a estudar formas de se sentir mais tranquilos com toda a instabilidade provocada pelas rondas de austeridade que vão atiçando o aumento do desemprego, mas esta tranquilidade não é encontrada nos seguros de salários, explica a Deco Protesto (ver texto ao lado).
Desemprego regional O flagelo do desemprego tem atingido Portugal com diferentes forças, algo que fica evidente quando constatamos que os 15% de desemprego a nível nacional – valor nunca antes visto no país –, são completamente superados pelo desemprego registado em algumas regiões: entre as sete regiões em que se divide o país, apenas uma tem um desemprego médio inferior ao nacional, a região Centro, com 11,2% de desemprego.
Com o início do Verão, o Algarve no segundo trimestre do ano conseguiu deixar de ser a região recordista do desemprego no país. Foi ultrapassada por Lisboa, que fechou o primeiro semestre de 2012 com uma taxa de desemprego de 17,6%. Mas apesar de ter perdido o primeiro lugar, o Algarve ainda supera os 17% de desemprego (17,4%), valor que a Madeira está perto de atingir, pois em Junho registava uma taxa de 16,8%.
Já o caso do Alentejo é paradigmático. A região que antes de 2009 era onde se sofria mais com o desemprego – com uma taxa de 11,3%, quando a média nacional era de 9,1% –, é agora a penúltima neste ranking regional, tendo registado a subida menos pronunciada desta taxa: desde o segundo trimestre de 2009 o desemprego no Alentejo subiu 3,7 pontos para 15%. Contudo, se analisarmos apenas o último ano, é notória uma aceleração fora do comum no desemprego no Alentejo – a maior fatia do aumento acumulado desde 2009 deu-se a partir do segundo trimestre de 2011, quando o desemprego era de apenas 11,8%. Esta forte aceleração recente é também visível em Lisboa e nos Açores, cujas taxas dispararam 4,1 e 5,9 pontos em 12 meses.
Além da alteração do Algarve por Lisboa como a região onde há mais gente sem emprego no país, os dados de Junho mostram que pela primeira vez o desemprego entre os homens é maior que a das mulheres – 14,9% versus 15,1%.