Por Sérgio Aníbal, in Público on-line
O rendimento disponível dos portugueses registou, no segundo trimestre deste ano, a maior queda de que há registo desde pelo menos 1999.
De acordo com os dados ontem publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, o rendimento disponível ajustado das famílias (rendimento depois de impostos e de transferências sociais) caiu 4,9% no segundo trimestre de 2012 face a igual período do ano anterior.
Se se recuar mais um ano, até ao segundo trimestre de 2010, a perda acumulada no rendimento disponível vai até aos 7,9%. Na prática, enquanto no segundo trimestre de 2010, os portugueses ficaram nas suas mãos com 39.473 milhões de euros, em 2012, durante os mesmo período de tempo, receberam 36.358 milhões. São menos 3115 milhões de euros que, divididos pelos três meses e pelos cerca de 10 milhões de portugueses, dá uma quebra no rendimento de aproximadamente 100 euros por pessoa (incluindo população activa e inactiva).
A queda do rendimento disponível não se verificou apenas agora. Há já seis trimestres consecutivos que se assiste a uma variação homóloga negativa neste indicador. No entanto, houve vários factores a contribuir para esta quebra tão acentuada durante o segundo trimestre deste ano.
Em primeiro lugar, a queda de 8,9% nas remunerações. Foi neste trimestre que uma grande parte dos funcionários públicos perderam o seu subsídio de férias, o que influencia de forma decisiva este resultado. Esta é uma tendência que se deverá, contudo, voltar a verificar nos próximos trimestres, já que os pensionistas costumavam receber o 13º mês em Julho (no terceiro trimestre) e tanto funcionários públicos como pensionistas vão deixar de ter um vencimento extra no Natal durante o quarto trimestre.