in Sol
A falta de emprego nos destinos tradicionais da emigração está a provocar uma redução no número de saídas para estes países, considerou o secretário de Estado das Comunidades, adiantando que a tendência se acentuou desde o Verão.
«Há menos oportunidades de emprego, há menos gente a ir para o estrangeiro. É uma coisa que me começa a parecer muito evidente nestes últimos meses, sobretudo depois do verão. Há países onde as oportunidades de emprego estão a reduzir-se drasticamente», disse José Cesário.
O titular da pasta da Emigração, que falava à Lusa a propósito da realização em Fátima de um encontro de promotores sociais e culturais da diáspora, apontou como exemplo países como a Espanha, França, Luxemburgo, Reino Unido ou Suíça.
«São países onde também está a aumentar o desemprego e onde a redução de lugares é muito evidente», sublinhou.
A iniciativa, promovida em parceria pela Obra Católica das Migrações, Cáritas Portuguesa e Secretaria de Estado das Comunidades, pretende traçar um retrato da realidade sociocultural das comunidades, numa tentativa de «identificar as suas potencialidades e necessidades».
«A importância da emigração no contexto actual» será um dos temas em destaque durante o encontro, que decorre a 2, 3 e 4 de Novembro em Fátima, e contará na abertura com intervenções do secretário de Estado das Comunidades e do presidente da Pastoral da Mobilidade Social e Humana, D. Jorge Ortiga.
O trabalho será outro dos temas em destaque no encontro, que abordará ainda as questões do envelhecimento das comunidades de emigrantes, a educação e cultura e o associativismo.
O programa inclui ainda a conferência ‘Que Portugal depois da crise’ pelo economista e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) João Duque.
José Cesário, que em várias intervenções tem apontado para 100 mil a 150 mil saídas de portugueses por ano, reconhece que em países como Angola ou o Brasil as oportunidades se mantêm, mas sublinha a dificuldade de emigrar para países como a Austrália ou o Canadá, onde há oportunidades de trabalho.
«Em Angola mantêm-se os fluxos que tínhamos, no Brasil haverá até mais oportunidades e depois há outros países onde sabemos que há oportunidades, como o caso da Austrália ou o Canadá, mas para onde a emigração é muito difícil porque pressupõe a ilegalidade ou a obtenção de vistos e os vistos não são fáceis», disse.
Sobre as estimativas do Governo sobre a saída de portugueses, José Cesário adiantou que «até aqui não tinha dúvidas» sobre os números, considerando imprevisível o comportamento dos fluxos migratórios no futuro.