in Jornal de Notícias
A Área Metropolitana do Porto é a região do país com mais casos de pobreza devido ao elevado número de desempregados, segundo o presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca.
"A região onde a pobreza é mais dramática e onde há um grande número de desempregados e beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), é o Grande Porto", afirmou Eugénio Fonseca à Agência Lusa, salientando que os níveis de pobreza também são preocupantes na região de Lisboa, na Península de Setúbal e no Algarve.
"O Algarve tem uma situação grave e que está a agravar-se outra vez, devido ao fim do emprego sazonal", observou.
Para além de milhares de pessoas que já beneficiavam dos apoios da instituição, a Cáritas Portuguesa está agora a ser confrontada com novos pedidos de ajuda de muitos cidadãos que até há pouco tempo faziam parte da classe média e que têm vergonha de assumir a situação de pobreza em que caíram.
"Estamos a falar de milhares de pessoas que tinham uma vida estável, que pertenceram à chamada classe média, que estavam bem integradas na sociedade, e que, de repente, ficaram sem trabalho", disse Eugénio Fonseca, notando que algumas destas pessoas "não têm qualquer apoio, devido às alterações no subsídio de desemprego e noutras medidas de proteção social".
"Estas pessoas quando chegam à Cáritas, quando já caiu esse véu da vergonha, já estão com problemas tão graves que a instituição já não tem capacidade para resolver", reconheceu.
Eugénio Fonseca acredita, no entanto, que esta realidade poderá está a mudar, porque muitas pessoas começam a perceber que não estão sozinhas e que não são as únicas a ser afetadas pela crise económica que se vive em todo o país.
"A sensação que tenho é que as pessoas, porque se tem dado tanta evidência a esses problemas, já entenderam que não estão sozinhas e sentem-se mais encorajadas a colocar os seus problemas", concluiu o presidente da Cáritas.