Por Teresa Costa, in Dinheiro Vivo
O número de pessoas que se inscreveram no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) à procura de trabalho totalizou 728.512 em abril.
Este registo traduz duas realidades diferentes: por um lado, que houve mais 72 mil inscrições em relação a igual mês do ano passado; por outro, que houve menos 11.500 em relação a janeiro, com quedas mensais sucessivas desde aí.
Num ano, a corrida aos centros de emprego aumentou em praticamente todos os indicadores, com destaque para os licenciados, que totalizam agora 87.958 (mais 21 362, ou mais 32%); para os que estão inscritos há mais de um ano e são já 319 mil pessoas (mais 76 mil do que em abril de 2012, ou mais 31,4%); e para quem procura o primeiro emprego, que atingiu 69 mil, com um aumento anual de 24,8%.
Contra a corrente
Porém, na análise mensal, constata-se que o número de inscritos nos centros de emprego tem vindo a cair desde janeiro. O ano arrancou com 740 mil pessoas à procura de trabalho e, desde então, foi sempre a descer, até aos 728 mil de abril.
Trata-se de uma tendência que parece contrariar o Instituto Nacional de Estatística, quando ainda há pouco tempo revelou uma taxa inédita de desemprego no 1.º trimestre (17,7%), esperando-se um agravamento ao longo do ano, que poderá chegar aos 19% em dezembro, segundo previsões de Vítor Gaspar. O INE apurou haver 952 mil desempregados no país, mas a metodologia usada nada tem a ver com o IEFP, que apenas regista quem se dirige aos centros à procura de emprego.
Na interpretação de Luís Bento, presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Pessoas, há duas explicações para a diminuição de inscritos no IEFP: a passagem à reforma de alguns desempregados, que estariam na categoria do desemprego de longa duração e entretanto atingiram a idade da aposentação, pode justificar aquela evolução; a par de programas como o Impulso Jovem, que asseguram a colocação no mercado de trabalho através de estágios, aliviando assim os registos dos centros de emprego.
Mais ofertas
A redução do número de inscritos está a ser acompanhada também pelo aumento das ofertas de trabalho. As 10.804 registadas em janeiro subiram a cada mês até atingir as 13.281 de abril. Já as colocações só têm vindo a crescer desde fevereiro, tendo atingido as 7463 em abril, mais 53,4% do que há um ano.
Numa análise por regiões, verifica-se que o Norte continua a liderar no número de desempregados (299 mil), seguido de Lisboa (221 mil) e do Centro (102 mil). Na comparação anual, todas as regiões viram os números piorar, com os Açores a assumirem 19,2% de aumento. Já em relação a março, todas as regiões baixaram, à exceção do Centro e dos Açores.
Vida complicada
Por profissões, a maior subida anual deu-se num grupo considerado pouco expressivo no total do desemprego: os quadros superiores da administração pública (+72,7%), seguido do grupo dos docentes (+68,6%).
No entanto, houve cinco grupos profissionais que, juntos, foram representativos de 52,3% do total de desempregados: pessoal dos serviços, de proteção e de segurança; trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio; empregados de escritório; operários da construção; e trabalhadores não qualificados de minas, construção e indústria transformadora.