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Algumas dezenas de pessoas desfilaram esta sexta-feira, da Universidade de Coimbra até ao rio Mondego, para dizerem que o tráfico de pessoas existe e está a aumentar em tempo de crise.
“O facto da situação socioeconómica se estar a agravar... há uma maior vulnerabilidade para que estas situações de tráfico aconteçam”, afirma Sofia Figueiredo, da Associação Saúde em Português.
Ana Figueiredo, outro elemento desta organização não-governamental (ONG) empenhada no combate ao tráfico de seres humanos, alerta para um aumento da exploração laboral e considera que ainda há muitos casos escondidos e “uma grande opacidade do fenómeno” de tráfico de seres humanos.
Mas que expressão tem este crime em Portugal? Joana Wrabetz, directora do Observatório do Tráfico de Seres Humanos, diz que a tendência tem sido para uma ligeira redução de casos confirmados, embora haja um pequeno aumento de casos sinalizados.
Sobre o perfil das vítimas, Joana Wrabetz explica que anteriormente “havia um maior registo de vítimas de tráfico para exploração sexual, principalmente mulheres vindas de outros países, como o Brasil e a Roménia. Nós últimos anos tem aumentado o número de vítimas do sexo masculino para exploração laboral”.
A directora do Observatório do Tráfico de Seres Humanos destaca ainda o facto de começarem a ser registados casos de portugueses que são explorados no estrangeiro e de, no ano passado, ter sido registado um aumento das sinalizações de crianças vítimas de tráfico humano.
Apesar de sublinhar a dificuldade de quantificar o tráfico humano à escala global, a Organização Internacional das Migrações estima que nos últimos dez anos nove milhões de pessoas foram vítimas deste crime.
A instituição estima ainda que as redes criminosas ganham anualmente 24,6 mil milhões de euros como benefício directo da exploração e tráfico de pessoas.