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A natalidade em Portugal está em queda desde o ano 2000, mas os dados começam a espelhar outras realidades nacionais além do envelhecimento. É o caso da taxa de desemprego entre os adultos com filhos recém-nascidos. Nos homens que foram pais o ano passado é 44% maior do que há dois anos.
Em 2010, 6081 das 101 mil crianças nascidas em Portugal tinham o pai desempregado. Em 2012, revelam dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística, esta era a realidade de 7680 recém-nascidos entre os 89 841 cujas mães residiam em Portugal na hora do nascimento, a referência para efeitos de naturalidade. A taxa de desemprego entre novos pais passou de 5,9% para 8,5%.
Entre as mulheres, a evolução é menos expressiva: a taxa de desemprego entre as mães do ano passado aumentou 11% em relação a 2010, passando de 12,4% para 13,8%. Ainda assim, quando se somam as situações de desemprego aos casos em que a mãe é inactiva do ponto de vista laboral, o que pode incluir reformas antecipadas ou trabalho doméstico, a situação revela-se mais abrangente. Um terço das mães que tiveram filhos em 2012 não trabalhavam, uma percentagem que é o dobro da que se verificava em 2010. No caso dos pais, passou de 10,22% para 14%.
Os dados disponíveis no site do INE não permitem cruzar a situação de desemprego dos dois progenitores de forma a perceber quantas crianças nasceram em famílias em que ambos os pais estão desempregados. É contudo possível perceber que outras tendências mais globais da sociedade portuguesa, como o aumento da emigração de população mais jovem, terão reflexo no retrato.
Embora o número seja residual, no total nasceram o ano passado 90 035 crianças de nacionalidade portuguesa, mas há cada vez mais casos em que o local da residência de residência da mãe é no estrangeiro. Ao todo, 194 recém-nascidos de 2012 serão assim emigrantes, o maior número desde o início das séries disponibilizadas pelo INE na internet (recuam a 1995). Foram mais 57 que em 2011 e o dobro do que se registava até 2009.
Menos imigrantes
Por outro lado, o número de nascimentos em que a mãe não era de nacionalidade portuguesa, variável que permite perceber em parte o contributo desta população para a estrutura demográfica do país, registou o número mais baixo desde 2004.
Das 90 mil crianças portuguesas registadas, 8827 têm mães estrangeiras, das quais 66 residentes fora do país. Tanto em 2010 como em 2011, as mães imigrantes representaram mais de 10 mil nascimentos. Em 2011 foram responsáveis por cerca 11% da natalidade nacional. Já no ano passado o contributo ficou aquém dos 10%.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística permitem mesmo verificar que a diminuição da maternidade estrangeira contribui um quinto para a redução na natalidade em Portugal entre 2011 e 2012.
Redução recorde
Ao todo nasceram menos 7 mil crianças de nacionalidade portuguesa que no ano anterior. A quebra da natalidade verificada em 2012 foi a mais acentuada nos últimos anos. De forma global, os nascimentos diminuíram 7,2% em relação a 2011. Nesse ano a redução tinha sido de 4,5% em relação a 2010.
A tendência de quebra mais acentuada verifica-se desde o ano 2000, quando nasceram 120 mil crianças em Portugal (mais 20 mil do que no ano passado). Ainda assim, houve anos com ligeiras inversões. Em 2002 houve mais 2 mil nascimentos que no ano anterior, flutuação que se repetiu em 2008. O primeiro ano da história nacional recente com menos de 100 mil nascimentos foi 2011, tendência que se agravou em 2012.