20.5.13

OCDE: ajuda de Portugal aos países pobres é «imperativo moral»

in TVI24

Organização quer que país continue a contribuir para «trazer países extremamente pobres para a classe média»

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) quer que Portugal continue a ajudar os países mais pobres e a apoiar o seu desenvolvimento, considerando mesmo que essa ajuda é um «imperativo moral».

O presidente do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE pediu ao Governo português para que mantenha o seu esforço de ajuda aos países pobres, apesar dos problemas económicos que atravessa.

«É extremamente importante que Portugal mantenha o nível da sua ajuda (publica ao desenvolvimento) mesmo nestes tempos difíceis de crise e austeridade. É um imperativo moral - Jesus Cristo disse o que queres que façam por ti deves fazer pelos outros ¿ mas é também uma boa prática de política externa», disse Erik Solheim citado pela Lusa.

Questionado sobre a redução da ajuda dos países ricos aos Estados em desenvolvimento, que em 2012 sofreu uma quebra pelo segundo ano consecutivo segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Erik Solheim considerou tratar-se «de um absoluto mito» a ideia de que a ajuda pública ao desenvolvimento está em declínio.

«Reduziu-se na Europa do Sul devido à crise, mas no resto da Europa, nos Estados Unidos e em outros locais não se reduziu e globalmente está a aumentar, nomeadamente no Brasil, China e Turquia», disse, escusando-se a comentar o facto de a grande maioria dos países provavelmente falhar a meta estabelecida pelas Nações Unidas, de, até 2015, destinar 0,7% do seu Rendimento Nacional Bruto à ajuda aos países pobres.

O presidente do organismo da OCDE que monitoriza a ajuda dos países desenvolvidos aos países pobres falava hoje de manhã aos jornalistas à margem de um seminário internacional sobre cooperação e ajuda ao desenvolvimento em tempos de crise, que decorre até sexta-feira em Lisboa.

Erik Solheim, que foi o orador convidado do encontro, defendeu durante a sua intervenção que é possível cumprir a meta e erradicar a pobreza extrema no mundo até 2030, considerando que os recursos existem e que o que é preciso é mobilizar a vontade política dos atores principais, nomeadamente Estados Unidos e China.

«Temos que mobilizar a matéria-prima mais preciosa do mundo: a vontade política para de uma vez por todas erradicarmos a pobreza extrema do mundo. Podemos fazê-lo, temos todos os recursos e sabemos como fazê-lo», disse.

Solheim lembrou que a pobreza extrema foi reduzida à razão de 01 por cento ao ano desde 1990, sobretudo graças ao crescimento económico da China, e sublinhou a necessidade de continuar neste caminho para «retirar o resto do mundo» da pobreza.

Erik Solheim defendeu ainda como «crucial» neste processo a participação do setor privado nos programas de cooperação e ajuda ao desenvolvimento e sustentou que desenvolvimento e ambiente sustentável são indissociáveis.

Para o presidente do CAD, os países têm que focar-se nos «extremamente pobres» para os conseguir trazer para a classe média, apontando o microcrédito, o apoio aos pequenos agricultores, o respeito pelos direitos humanos e o fim das discriminações como algumas das formas de alcançar esse objetivo.
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