9.5.13

Pedro Lobo e a arquitectura das favelas do Rio

in Público on-line

“Favelas: Arquitectura de Sobrevivência”, está patente ao público na Projective Eye Gallery, na Universidade da Carolina do Norte, até ao dia 30 de Maio

A arquitectura das favelas do Rio de Janeiro (Brasil), consideradas “as ocupações urbanas informais mais antigas do mundo”, originou uma exposição de fotografias de Pedro Lobo, investigador da Universidade de Évora, que está patente nos Estados Unidos.

A mostra, intitulada “Favelas: Arquitectura de Sobrevivência”, está patente ao público na Projective Eye Gallery, na Universidade da Carolina do Norte, na cidade norte-americana de Charlotte, até 30 de Maio.

A iniciativa reúne um total de 48 fotografias de grande formato da autoria de Pedro Lobo, fotógrafo natural do Brasil que é investigador do Centro de História de Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora (CHAIA). Os trabalhos, explicou a academia alentejana, documentam as favelas ou bairros de lata do Rio de Janeiro, que são “as ocupações urbanas informais mais antigas do mundo”. “Existem cerca de mil milhões de ‘favelados’ no mundo, um milhão dos quais no Rio de Janeiro”, realça a Universidade de Évora (UÉ).

As paisagens fotográficas de Pedro Lobo, residente em Évora e aluno do Mestrado de Gestão e Valorização do Património Histórico e Cultural, mostram “o caos organizado das encostas invadidas por moradias”. “As fotografias sugerem uma progressão em direcção a uma certa permanência, à medida que as pessoas se enraízam e constroem comunidades dentro dessas urbanizações espontâneas”, pode ler-se no comunicado da academia.

As "vizinhanças marginalizadas"

A objectiva do fotógrafo não esconde “o alastramento ou as dificuldades das favelas”, mas, ao mesmo tempo, capta o “optimismo necessário à vida” de que estão “repletas” essas mesmas “vizinhanças marginalizadas”. “As imagens presentes na exposição tentam mostrar a dignidade humana dos moradores das favelas, apesar de todas as dificuldades enfrentadas por aqueles que não têm outra escolha a não ser viver nestas comunidades excluídas”, resume a UÉ.

Pedro Lobo estudou na School of the Museum of Fine Arts e no International Center of Photography, nas cidades norte-americanas de Boston e Nova Iorque, respectivamente. No Brasil, entre 1978 e 1985, foi fotógrafo e investigador do Centro Nacional de Referência Cultural e do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional. Nas suas séries fotográficas, não apenas nas favelas cariocas, mas igualmente nas prisões de Carandiru e Medellin (“Espaços Aprisionados”), utiliza a fotografia de arquictetura como meio de retratar a condição humana.

Brasil, Portugal, Estados Unidos, Dinamarca, Alemanha, China e Colômbia são países onde já realizou exposições, individuais ou colectivas, figurando a sua obra em diversas colecções públicas e particulares. Pedro Lobo recebeu o V prémio Marc Ferrez e as bolsas CAPES-Fulbright e a Vitae de Fotografia.