14.5.13

Situações de desemprego aumentam o risco de pobreza dos agregados familiares para 36%

por Inês Balreira, in Negócios on-line

O número de famílias em Portugal tem vindo a aumentar, mas os agregados familiares são compostos por menos pessoas, consequência do aumento do número de famílias unipessoais e da diminuição do número de famílias numerosas.

Em 2010, os agregados familiares que experimentavam situações de desemprego corriam um risco de pobreza na ordem dos 36%. Em 2008, o valor era superior em um ponto percentual. Também na última década, o número de famílias com membros em situação de desemprego aumentou. Se em 2001 as famílias clássicas (conjunto de pessoas que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco) que tinham algum desempregado fixavam-se nos 8,5%, em 2011 esta porção aumentou para 14,3%.

Estes são alguns dos dados que caracterizam as famílias portuguesas actualmente, divulgados esta terça-feira, 14 Maio, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a propósito do Dia Internacional da Família, que se comemora esta quarta-feira, 15 de Maio.

Os dados do INE, baseados nos Censos de 2011, revelam que as pessoas que vivem sós são principalmente idosas ou mulheres, dois grupos que são identificados como sendo particularmente afectadas pelo risco de pobreza. Também os agregados familiares com crianças dependentes, em especial as famílias numerosas e as famílias monoparentais, são afectados por riscos de pobreza e intensidade de pobreza elevados.

No geral, a população que vivia em agregados familiares estava exposta a um risco de pobreza da ordem dos 18,0% em 2010. Em 1994, o valor ascendia aos 23% e em 2003 aos 20,4%.

O risco de exposição à pobreza aumenta quando se olha, segundo uma perspectiva socioeconómica, para as pessoas que vivem em agregados compostos por dois adultos e com três ou mais crianças. O risco de pobreza é da ordem dos 30-40% para os agregados com esta composição, ao passo que nas famílias unipessoais se situa nos 27,5%. Por contraste, os indivíduos que viviam em agregados familiares de três ou mais adultos e sem crianças, bem como as famílias de dois adultos e uma criança dependente, caracterizavam-se por serem as menos afectadas pelo risco de pobreza, 9,1% e 15,6% em 2010, respectivamente.

Na última década, o número de famílias clássicas residentes em Portugal aumentou cerca de 11%, passando de 3.650.757, em 2001, para 4.043.726 famílias em 2011. O aumento da esperança média de vida ou as alterações nos padrões de fecundidade e nupcialidade foram os principais factores para as transformações e composições familiares, aponta o INE. Uma das mais evidentes consequências destas transformações é a dimensão média das famílias desde 1970 a 2011, onde se verificou um decréscimo de aproximadamente uma pessoa por agregado.

Na sequência desta tendência, o número de famílias clássicas constituídas por uma só pessoa representavam 21,4% do total de famílias em 2011, ao passo que as famílias clássicas com cinco ou mais pessoas constituíam 6,5% das famílias em 2011.

Os dados do INE revelam ainda que 3,1% das pessoas a viver em agregados e 8,4% das pessoas em situações de pobreza não tinham capacidade para ter uma refeição de carne-peixe, pelo menos de dois em dois dias.