por João Francisco Guerreiro, in Dinheiro Vivo
O Parlamento Europeu aprovou ontem o relatório sobre a actuação da troika nos países resgatados, como é o caso de Portugal, com 448 votos a favor, 140 contra e 27 abstenções. Entre os portugueses que participaram na investigação, levada a cabo pela comissão parlamentar de Assuntos Económicos e Financeiros, PS, PSD e CDS apoiaram o documento. Já o PCP e o BE votaram contra.
A eurodeputada Inês Zuber considera que "o que correu mal foi a existência da própria troika", justificando assim a rejeição do documento, o qual para a representante do PCP, em Estrasburgo, serve "apenas" para que os partidos que apoiam o governo "lavem as suas mãos" da política de austeridade "brutal" que tem vindo a ser seguida e "é responsável pelo empobrecimento".
No entanto a eurodeputada socialista, Elisa Ferreira manifestou-se "plenamente de acordo" com um relatório que detectou um "problema de funcionamento da zona euro" e rejeita a ideia da "existência de países pecadores no sul e virtuosos no norte".
“A troika foi uma solução improvisada, que não correu bem, porque a qualidade das suas recomendações foi muito má”, é outra das ideias expressas no relatório, com a qual Elisa Ferreira concorda.
Por sua vez, o eurodeputado centrista, Diogo Feio diz-se “confortável” por apoiar um relatório que detectou “erros” na política aplicada pelo governo que ele próprio defende, na sequência do programa de assistência externa. No entanto, Diogo Feio salienta que a intervenção da troika “foi uma solução de urgência a Estados que não tinham a capacidade para pagar salários e pensões”.
A investigação “sugere a necessidade do Mecanismo Europeu de Estabilidade se transformar num mecanismo de base comunitária, em que não seja precisa a unanimidade para ser mobilizado, além da criação de um fundo monetário europeu”, destaca o social democrata, José Manuel Fernandes, razões que o levam a concordar com o relatório que conclui que houve falta de legitimidade democrática em relação à intervenção da troika.
Já Marisa Matias do Bloco de Esquerda afirma que “nenhuma das metas foi cumprida” e o documento é aprovado “pelo consenso em torno da falta de legitimidade democrática”, quando para a eurodeputada o que o documento faz é “não abordar o essencial”, como é o caso do “empobrecimento das famílias que resulta da irresponsabilidade dos governantes”.
Entretanto, o comissário para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, em reacção às conclusões do relatório considerou que “perante a crise repentina, tiveram de ser tomadas medidas circunstâncias extremas, o que necessariamente envolveu escolhas difíceis”.
O comissário afirmou ainda que é preciso “não esquecer que o objetivo do programa de ajustamento económico foi para evitar o incumprimento por parte dos países sobre as obrigações sociais e económicos, o que incluem os benefícios sociais e os salários dos funcionários públicos”.


