Por AFP, in Público on-line
Cerca de 25 mil pessoas participam esta semana em Washington na 19ª conferência internacional sobre a sida cujo tema chave é conseguir uma nova mobilização para pôr fim à pandemia, um objectivo hoje considerado possível graças aos tratamentos existentes. Assim haja dinheiro e vontade política dos países doadores.
É a primeira vez em 22 anos que esta conferência bianual se realiza nos Estados Unidos, que proibiram em 1990 a entrada no país de pessoas seropositivas, uma restrição que foi levantada em 2009 pelo Presidente Barack Obama, que promulgou uma lei votada pelo Congresso.
Os investigadores que trabalham na área da sida consideram que o arsenal terapêutico desenvolvido ao longo dos últimos 20 anos permite antever o fim desta epidemia devastadora que já fez 30 milhões de mortos desde que foram identificados os primeiros casos de infecção no início dos anos 1980.
Cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo – sendo 97% dos casos registados em países pobres ou em vias de desenvolvimento – estão infectados com o vírus da sida (VIH- Vírus da Imunodeficiência Humana).
Esta esperança é reforçada pelos recentes resultados de ensaios clínicos que mostram que os antiretrovirais permitem reduzir fortemente o risco de infecção de pessoas seronegativas que pratiquem relações sexuais consideradas de risco.
As terapias desenvolvidas ao longo da década de 1990 reduzem fortemente a carga viral dos seropositivos, permitindo-lhes viver com um bom estado de saúde e diminuindo-lhes a capacidade de transmissão do VIH.
Os últimos dados da Onusida mostram que mais de oito milhões de pessoas contaminadas com o VIH tomavam medicamentos antiretrovirais no final de 2011, em países de baixo e intermédio rendimento, nomeadamente na África subsariana, uma das regiões mais afectadas pelo flagelo da sida. Mas este número recorde representa apenas 54% dos 15 milhões infectados nestes países e que necessitam destes terapias.
A falta de recursos económicos para alargar o acesso aos antiretrovirais a estas pessoas continua a ser a preocupação maior para os responsáveis sanitários numa altura em que os países doadores estão a braços com fortes restrições orçamentais.
A conferência de Washington quer funcionar como plataforma para uma maior mobilização, sobretudo política, para alargar o acesso aos tratamentos bem como para continuar o trabalho de pesquisa científica sobre o VIH.
Para a professora Françoise Barré-Sinoussi, co-laureada com o prémio Nobel da medicina pelo seu trabalho que levou à identificação do vírus da sida, tratar a infecção parece ser possível com os progressos científicos alcançados e com uma nova mobilização global de talentos e recursos. “Se seguirmos os modelos (informáticos) e se todas as pessoas infectadas tiverem acesso a tratamentos, deveremos ser capazes de eliminar esta epidemia mundial atá 2050”, disse à AFP.
O ex-Presidente americano Bill Clinton, a sua mulher Hillary (secretária de Estado), o milionário filantropo Bill Gates, e o cantor Elton John são algumas das personalidades esperadas na conferência de Washington.