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Diferença entre sexos «na Europa» é mais discreta depois dos 65
As portuguesas têm uma esperança média de vida três anos superior à dos homens, mas eles são saudáveis até mais tarde, ao contrário da média europeia em que as mulheres se mantém sãs durante mais tempo.
Aos 65 anos, as mulheres têm uma esperança média de vida de 20 anos enquanto os homens têm, em média, apenas mais 17,1 anos. No entanto, o Eurostat estima que as portuguesas vão manter-se sem problemas de saúde até aos 60, enquanto os homens deverão estar saudáveis aos 62.
«As mulheres têm uma esperança de vida maior, mas isso não quer dizer que esse tempo seja vivido de forma saudável», sublinhou Pedro Perista, citado pela Lusa, um dos responsáveis pelo estudo «Género e Envelhecimento», apresentado durante o seminário da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) na Assembleia da República, nesta terça-feira.
Comparando com a média europeia, parece que ser mulher em Portugal é mais penalizador, já que a diferença entre sexos «na Europa» é mais discreta: depois dos 65, as mulheres têm 8,8 anos de vida saudável e os homens 8,7.
«Os anos a mais das mulheres são de solidão, pobreza e incapacidade», lembrou a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, durante a apresentação do estudo, sublinhando que as portuguesas «são mais pobres e incorrem em maior risco de pobreza», quando comparadas com os homens.
Hoje, os responsáveis pelo estudo «Género e Envelhecimento» traçaram o perfil da mulher em Portugal: tem menos escolaridade, recebe pensões mais baixas, vive mais sozinha e sofre mais com os efeitos da idade.
Em comparação com os homens, as mulheres ganham em média menos 200 euros de reforma e, muitas vezes, esta diferença prende-se com os anos de descontos e não com o trabalho efetivo, sublinhou o investigador do Centro de Estudos para a Intervenção Social.
No entanto, a percentagem de homens com mais de 55 anos a trabalhar é muito superior à das mulheres. Só no grupo etário entre os 55 e os 64 anos, mais de metade dos homens tinha um emprego, enquanto no caso das mulheres eram apenas 42,1%. A diferença aumenta cerca de 13 pontos percentuais na faixa etária entre os 65 e os 74 anos.
No que toca à educação, os investigadores sublinham que esta é uma área que tem registado um progresso ao longo das últimas décadas, apesar de ainda mostrar grandes vulnerabilidades, «principalmente quando se olha para os mais velhos e em especial para as mulheres». Os números hoje apresentados mostram que uma em cada três pessoas com mais de 65 anos não tem escolaridade. «Número que no caso das mulheres duplica», destacou o especialista.