1.10.12

Recessão prolongada deixa portugueses mais pessimistas

por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias

A confiança dos consumidores voltou a cair em setembro em resultado da continuação de uma prolongada recessão e da perspetiva de novas medidas de austeridade.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o indicador de confiança dos consumidores (calculado através de inquéritos a particulares) caiu em setembro para -51,4 pontos, depois de vários meses em que tinha vindo sucessivamente a melhorar.

Este mês, o Governo anunciou novas medidas de austeridade para cumprir objetivos orçamentais.

O Executivo já recuou na mais emblemática - um aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social - mas deverá incluir aumentos de impostos no Orçamento do Estado para 2013.

Estas novas medidas de austeridade vêm na sequência de uma recessão que se prolonga desde o final de 2010. Nos seis trimestres até junho deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu sempre em relação ao trimestre anterior.

Essa tendência deverá manter-se pelo menos até ao segundo trimestre do próximo ano.

Da mesma forma, o consumo privado tem-se reduzido cada vez mais. Desde o início de 2011 que todos os trimestres o consumo dos particulares é inferior ao do mesmo período do ano anterior. E a redução é cada vez mais acentuada, tendo chegado a uma redução homóloga de 6,1 por cento no segundo trimestre deste ano.

A quebra no consumo dos particulares é transversal a todos os setores de atividade. Mas já atinge o consumo alimentar (que caiu quatro trimestres consecutivos) e é especialmente significativa no comércio de bens duradouros, que tem caído sucessivamente a taxas superiores aos dois dígitos.

O setor automóvel é dos mais atingidos. As vendas de automóveis ligeiros, medidas pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), as vendas caíram em agosto 35,5 por cento por comparação com o mesmo mês do ano anterior.

A retração do consumo e o pessimismo dos consumidores estão também relacionados com o desemprego. Há uma década que a taxa tem vindo a aumentar, mas o crescimento acelerou a partir do ano meados do ano passado.

Desde então, a taxa de desemprego tem batido recordes sucessivos, passando dos 12,4 para os 15 por cento no segundo trimestre deste ano. O Governo prevê que o desemprego suba para 16 por cento no próximo ano.