por Sandra Afonso, in RR
É este o destaque das contas dos principais bancos portugueses em 2013.
Uma consequência da crise e da incerteza que rodeia a economia é que há menos dinheiro a chegar às empresas, mas estão a aumentar as poupanças das famílias. É o que revelam as contas do primeiro trimestre dos quatro maiores bancos portugueses: Caixa Geral de Depósitos, BCP, BES e BPI.
Destaque ainda para o aumento do número de casas entregues à banca, por dificuldade de pagamento, assim como o crédito em risco.
Os resultados da maioria dos bancos dão razão aos empresários: o crédito às empresas está em queda. O BPI foi o que fechou mais a porta, com uma descida de quase 16% face aos primeiros três meses de 2012. No BCP estes empréstimos diminuíram mais de 11,5% e na Caixa Geral de Depósitos quase 4%.
Estes são dados apenas para a actividade em Portugal. Já o BES apresenta dados de todo o grupo e aponta para um aumento do crédito às empresas de mais de 2%, o que não acontecia quase há dois anos.
Destaque ainda para o Estado que está a receber menos dinheiro da Caixa. Os empréstimos ao sector público caíram cerca de 800 milhões, quase 20% no primeiro trimestre.
Às famílias também chega menos dinheiro, uma queda sustentada pela descida do crédito à habitação. O problema para os bancos é agora o pagamento dos empréstimos concedidos.
O crédito em risco aumentou no início do ano nos quatro maiores bancos do país: subidas entre os 5 e os 14%.
O BES adianta que no primeiro trimestre vendeu 386 imóveis que tinham sido entregues pelos proprietários por dificuldades de pagamento do empréstimo. Estas casas renderam 97 milhões de euros ao banco, mais 61% que em igual período do ano anterior. Até Março, o banco já tinha recuperado mais de dois mil milhões de euros através da entrega das casas ao banco.
O BPI recuperou até Março cerca de 66 milhões de euros também pela entrega das casas pelos proprietários endividados.
Ainda do lado das famílias destaque para o aumento das poupanças, mesmo com o rendimento disponível em queda, de acordo com o Banco de Portugal. No BES e no BCP o aumento ultrapassa os 4%. Na Caixa subiram apenas 0,5%, mas o suficiente para permitir que o banco estatal recorresse menos ao BCE. Já o BPI é a excepção com os depósitos dos privados a caíram 3,6%.