Texto Francisco Pedro, in Fátima Missionária
As políticas de austeridade estão a exacerbar o desemprego em massa, a pobreza e a desigualdade social
Relatório da UNICEF aconselha uma inversão nas políticas de austeridade e recorda que a capacidade de resistência das famílias para lidarem com crise é cada vez menor. O documento alerta para o aumento da desigualdade e da pobreza na Europa
«A capacidade de resistência das famílias perante a crise é cada vez menor, o que faz com que o investimento público seja mais necessário do que nunca», perante políticas de austeridade «excessivamente rígidas e profundamente injustas», refere o último relatório da agência das Nações Unidas para a defesa dos direitos das crianças (UNICEF), que situa a infância e a família no epicentro da crise económica global e reclama «uma recuperação com rosto humano».
O documento, elaborado por especialistas internacionais, analisa as tendências em matéria de emprego e salários, o preço dos alimentos e as medidas contra a crise postas em prática em países de todo o mundo, e conclui que «as políticas de ajustamento e austeridade não podem considerar apenas se conseguem alcançar os objetivos económicos, mas também como obtê-los».
Segundo o relatório, as famílias têm cada vez menos capacidade de resistência porque se vêm «forçadas» a reduzir a sua dieta diária, em quantidade e qualidade, a cortar nos gastos em saúde e educação, a aumentar o número de horas trabalhadas e a um maior endividamento. Em paralelo, a «grave deterioração» do emprego resulta em mais desigualdade e pobreza, com «dimensões desconhecidas para as gerações mais jovens».
Os especialistas da UNICEF afirmam ainda que «as políticas de austeridade dominantes estão a exacerbar em vez de aliviar os desequilíbrios estruturais existentes, com um custo humano elevado, em termos de desemprego em massa, pobreza e desigualdade social».
Perante este cenário, são reclamadas «políticas alternativas» orientadas para um conjunto de reformas económicas e sociais que «estimulem o desenvolvimento e promovam a equidade». «Na Europa, especialmente nos países do sul, como em grande parte do mundo em desenvolvimento, as exigências de mudança a favor dos mais vulneráveis são cada vez mais eloquentes», apontam os especialistas.