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A Quercus lança, esta sexta-feira, um debate sobre as mudanças no sector da água.
Há ainda um milhão de portugueses que não está ligado ao sistema de água da rede pública. Os números são avançados pelo presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Saneamento (ERSAE).
Jaime Melo Baptista admite que o aumento do valor da factura é uma das razões para que cerca de 10% da população portuguesa não queira ter água da rede pública em casa.
“A questão do preço também tem o seu impacto e o aumento da factura da água não ajuda a mobilizar as pessoas para se ligarem a essa rede”, afirma Jaime Melo Baptista.
Ainda assim, o presidente da ERSAE garante que, tendo em conta, os investimentos feitos na rede pública, o valor da factura em Portugal não é cara.
Inadmissível para este responsável, é o facto de existirem disparidades entre os vários municípios. Uma realidade que, para Melo Baptista, deverá deixar de existir dentro em breve, uma vez que “só a partir de agora é que [a Entidade Reguladora] tem poderes para intervir nesta área”.
O presidente da ERSAE é um dos presentes no seminário agendado para esta sexta-feira submetido ao tema “Privatização dos Serviços de Água”. O evento é organizado pela Quercus, a associação ambientalista que quer mais transparência na discussão sobre a privatização do sector, lamentando que ainda não tenha sido definida uma linha de orientação pelo Governo.
O Ministério do Ambiente fala em subconcessão do serviço, mas a Quercus diz estar criado um quadro de privatização.
A coordenadora do grupo da Água na Quercus, Carla Graça, pede esclarecimentos lembrando que o único dado conhecido é a disparidade de preços
“Fala-se no aumento das tarifas mas não se fala mais nada. Pretendemos trazer este debate para o seio da sociedade civil e que isto seja de facto discutido de forma transparente e clara”, afirma.
Um dos casos de polémica concessão a privados dos sistemas de água é o de Barcelos. O caso já chegou aos tribunais, com a autarquia a dever à empresas águas de Barcelos mais de 170 milhões de euros.
A população está pouco satisfeita com a alteração e quer que o sistema de água volte para a tutela da autarquia, para evitar, dizem os barcelenses, facturas que em muitos casos duplicaram de valor.


