25.8.21

Desemprego cai, mas ainda há mais de 50 mil sem trabalho desde a pandemia

Isabel Patrício, in EcoOnline

O desconfinamento tem levado o mercado laboral a recuperar do impacto da pandemia, mas o número de desempregados inscritos no IEFP continua acima dos níveis pré Covid-19.

Julho foi sinónimo de uma quebra homóloga significativa do desemprego registado, mas o número de inscritos nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ainda está longe dos níveis pré-pandemia. Em comparação com fevereiro de 2020, há ainda mais 50 mil desempregados.

De acordo com a síntese estatística do IEFP, o número de inscritos nos serviços de emprego do continente e das regiões autónomas baixou para 368.704 indivíduos, no sétimo mês de 2021. Em causa está um recuo de 2,4% face ao mês anterior e de 9,5% face ao mesmo período do ano passado. Ou seja, há agora menos 38.598 desempregados no IEFP do que em julho de 2020, o que é explicado nomeadamente pela retoma das atividades possibilitada pelo desconfinamento do país.

Aliás, julho foi o quarto mês consecutivo em que o universo de desempregados inscritos encolheu. O desemprego registado em Portugal continua, contudo, acima dos níveis pré-pandemia. No último mês que Portugal viveu sem a presença da Covid-19 (fevereiro de 2020), havia 315.562 desempregados registados nos serviços do IEFP, ou seja, menos 53,1 mil do que agora.

E em julho de 2019, estavam registados 297.290 desempregados nestes centros, o que significa que, apesar dos sinais positivos, o mercado laboral está longe de estar recuperado. Contas feitas, apesar da quebra, em julho de 2021 havia ainda mais 71,4 mil desempregados do que em julho de 2019.

A mesma dinâmica é encontrada na análise regional. Em julho, o Algarve destacou-se como a região do país que verificou o maior recuo (tanto em cadeia, como homólogo) do desemprego registado. Nesse mês, 17.932 desempregados estavam inscritos nos centros algarvios do IEFP, menos 10,5% do que em junho e menos 21,5% do que em julho de 2020. No entanto, face a julho de 2019, há a notar um salto de mais de 148%.

Na mesma linha, o setor do alojamento, restauração e similares brilhou, em julho, como um dos que registou quebras em cadeia e homólogas mais expressivas (5,4% e 19,1%, respetivamente), mas face a julho de 2019 verificou-se um aumento de cerca de 59%. Tal significa que há ainda mais 12.653 desempregados neste setor do que havia em julho de 2019.

Para mitigar o impacto da pandemia no mercado laboral, o Governo tem vindo a disponibilizar múltiplas medidas extraordinárias, como o lay-off simplificado, o apoio à retoma progressiva, o novo incentivo à normalização e o apoio simplificado para microempresas. O primeiro-ministro, António Costa, já assegurou que estes apoios serão mantidos em 2022, mas os critérios de acesso têm ficado cada vez mais apertados, o que restringe a adesão.

No turismo (setor ao qual está altamente ligado, por exemplo, o Algarve e as atividades de alojamento e restauração), acresce que os empregadores têm confessado dificuldades no recrutamento, resultado designadamente da “migração” dos profissionais para outras áreas, nos muitos meses de confinamento.