9.8.21

Pedidos de ajuda ao INEM por situações de saúde mental aumentaram 24%

in Público on-line

Houve também uma subida nos contactos por parte das faixas etárias mais novas.

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) registou um aumento de ocorrências nos primeiros sete meses de 2021, em comparação com 2020, e os casos de saúde mental cresceram nas chamadas, avançou este domingo o Jornal de Notícias (JN). Durante a pandemia, houve também um aumento nos pedidos de ajuda por parte das faixas etárias mais novas, que manifestaram dificuldade em gerir emoções e controlar a agressividade.

Entre Janeiro e Julho deste ano, o INEM registou um aumento de 24% nas ocorrências do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC). Além disso, houve também um aumento de 7,2% nos problemas psiquiátricos e suicídios.


Médicos e especialistas já tinham alertado para a crise da saúde mental há vários meses, chamando a atenção de que os pedidos de ajuda psicológica e psiquiátrica iriam aumentar à medida que a pandemia de covid-19 avançasse.


Entre Abril e Junho deste ano, as ocorrências relacionadas com crises de ansiedade aumentaram em mais de metade (55%), e as relacionadas com perda de controlo emocional subiram 19%, revelou ao JN Sónia Cunha, responsável do CAPIC. Citada pelo jornal, referiu que, desde que a pandemia se instalou, os meses não foram todos iguais, reflectindo antes “a evolução da covid-19, as diferentes fases e as respostas exigidas à comunidade para conter” o vírus.

Muitas vezes são os pais a contactar em primeiro lugar os serviços de apoio e a manifestar incapacidade de lidar com a agressividade ou o incumprimento de regras por parte dos mais novos.

Mas também há casos em que são mesmo os próprios a pedir ajuda. Os dados do CAPIC dão conta de um número crescente de chamadas por parte dos mais novos devido a problemas provocados pela pandemia. “Temos percebido, sobretudo nos mais jovens, um aumento significativo de perturbação ao nível da saúde mental”, afirmou ao JN a psicóloga do INEM. Na faixa etária entre os dez e os 15 anos, foi registada uma variação positiva de cerca de 125% de Abril a Junho deste ano. A percentagem baixa entre os cinco e os nove anos, mas é ainda assim considerável: um aumento de 83% face a igual período de 2020.

“Têm dificuldade em gerir as emoções, controlar os impulsos e falar com os adultos sobre isso. Percebem que estão em risco”, disse Sónia Cunha, destacando ainda a existência de “sintomatologia do foro psicótico”, com uma “desorganização mental mais severa”.

Linhas de Apoio e de Prevenção do Suicídio em Portugal


SOS Voz Amiga


Lisboa
Das 16h às 24h
213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660

Linha Verde gratuita - 800 209 899 (Entre as 21h e as 24h)

Conversa Amiga
Inatel
Das 15h às 22h
808 237 327
210 027 159

Vozes Amigas de Esperança de Portugal
Voades-Portugal
Das 16h às 22h
222 030 707

Telefone da Amizade
Porto - Desde 1982
Das 16h às 23h
228 323 535

Voz de Apoio
Porto
Das 21h às 24h
225 506 070

Todas estas linhas são de duplo anonimato — garantido tanto a quem liga como a quem atende. Para encaminhamento, a linha do SNS24 (808 24 24 24) é assumida por profissionais de saúde.

Só a linha SOS Criança, um serviço gratuito e confidencial do IAC em que os menores podem falar várias vezes com uma equipa de psicólogos, recebeu 2217 apelos em 2020, embora nem todos relacionados com saúde mental.