Por Paulo Miguel Madeira, in Público on-line
O Eurostat estima em 14,8% a taxa de desemprego em Portugal no mês de Janeiro, o mais novo valor recorde desde que há registos.
Trata-se de uma nova subida mensal face aos 14,6% agora registados para Dezembro, e aos 14,0% de Novembro. Trata-se de uma subida de 0,8 pontos percentuais (e de 5,7%) da taxa de desemprego em apenas dois meses.
Portugal fica assim com a terceira maior taxa de desemprego da zona euro, atrás dos 23,3% da Espanha e dos 19,9% registados para a Grécia em Novembro, e a par da Irlanda, também com 14,8%.
O serviço de estatística da União Europeia reviu agora em alta todos os valores do desemprego em Portugal desde Agosto, depois de ser conhecida taxa de desemprego do INE para o quarto trimestre do ano passado, que foi de 14%.
O INE anunciou este valor a meio do mês passado, que resultou da maior subida do desemprego no país desde que há registo (face a 12,4% no terceiro trimestre), e levou o Eurostat a apresentar agora novos valores para quase toda a segunda metade do ano passado.
Os dados do Eurostat diferem dos do INE, que é quem fornece a informação de base, que é calibrada também com informação do IEFP. Além disso, enquanto o INE calcula apenas taxas trimestrais o Eurostat avança com valores mês a mês – que são por isso frequentemente sujeitos a revisão em função dos dados que o INE depois divulga.
Ainda no final de Janeiro, o Eurostat tinha avançado com taxas de desemprego em Portugal de 12,6% em Agosto, 12,8% em Setembro, 13,0% em Outubro, 13,2% em Novembro e 13,6% em Dezembro, corrigidos dos efeitos de sazonalidade. Estes valores foram agora revistos em alta, para respectivamente 12,7%, 13,0%, 13,6%, 14% e 14,6%, acompanhando o salto registado pelo INE e reflectindo a tendência de subida detectada.
É assim natural que quando, em Maio, for conhecido o valor do INE para a taxa de desemprego no primeiro trimestre deste ano o valor hoje avançado pelo Eurostat seja também revisto.
A subida do desemprego em Portugal está prevista pelo Governo e pelas instituições que fazem previsões e, por isso, é de esperar que vá batendo sucessivos recordes pelo menos durante este ano. O valor hoje avançado pelo Eurostat constitui um novo recorde desde que há valores do desemprego para Portugal – 1983 no caso do INE e 1953 no caso das séries longas do Banco de Portugal.