por Heliana Vilela, in Setúbal na Rede
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e desenvolvimento Economico (OCDE) disse que as principais preocupações da instituição são o desemprego jovem e o de longa duração. "Os números não são animadores. Há 47 milhões de desempregados entre os países da OCDE. E a situação é ainda mais desencorajadora na zona euro. A frágil recuperação económica não criou suficientes oportunidades de emprego. E recentemente tivemos sinais claros de que a economia global vai deteriorar-se. Estes números não vão melhorar", acrescentou. De acordo com o relatório, no cômputo dos países da OCDE, a taxa média de desemprego deverá fixar-se nos 8 por cento este ano e nos 7,9 por cento em 2013. Sendo que a estimativa para o conjunto dos países europeus que integram a OCDE, alude a uma estimativa da taxa de desemprego para os 10 % em 2012 e os 10,2 % em 2013.
O cenário do emprego para os jovens tem piorado no contexto de crise e embora seja uma questão que afeta a população em geral, tem particular incidência nos jovens. Os recentes dados do Instituto Nacional de Estatística mostram-nos que o desemprego jovem (15 a 24 anos) atingiu uma taxa de 35,4% no quarto trimestre de 2011, sendo mais do dobro da média nacional (14%). Constata-se que houve um aumento consistente desde o segundo trimestre do ano, quando a taxa de desemprego jovem atingiu os 27%, passando no trimestre seguinte para os 30%. Ao todo, são mais de 156 mil os jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho. O problema torna-se mais expressivo se a estes somarmos os desempregados na faixa etária dos 25 aos 34 anos que totalizam 217,4 mil.
Igualmente preocupante, é a situação problemática dos muitos jovens que, não estando desempregados, encontram-se em situações de emprego com vínculos precários. Sendo que o conceito de precaridade nas suas dimensões inclui: a instabilidade que pode levar à dependência em relação à família; incerteza em relação ao futuro; falta de segurança; salários desiguais entre homens e mulheres; dificuldade em conciliar a vida familiar e profissional, não valorização curricular, entre outras, o que contribui para a infelicidade que por sua vez se repercute nas competências, na eficácia e eficiência e nos direitos e deveres dos trabalhadores.
A emigração adensa-se assim como as desigualdades sociais. Mas se por um lado a mobilidade dos jovens melhora as suas perspetivas de emprego, devendo por isso ser apoiada, por outro lado o país deve, quando do seu regresso, oferecer condições de trabalho de acordo com esta experiência de valorização. “A preservação do capital humano qualificado é determinante para o crescimento económico, social, cultural e até político de qualquer sociedade e imprescindível para a sua evolução.”
Sendo que o termo “político” deriva do grego antigo “politeía”, que indica todos os procedimentos da “pólis” ou cidade-Estado, que a decisão a nível europeu e nacional influencia decisivamente os nossos quotidianos, e, que "o problema está a crescer mais depressa do que a solução. O aumento do desemprego continua a ultrapassar o aumento da despesa com políticas ativas para o emprego", afirmação de Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, devemos lutar por uma EU mais justa, mais coesa e mais participada.
Em 2008 a EU assinalou 20 anos de início de politicas e de programas europeus dedicados à juventude. Mas só em 2001 iniciou o desenvolvimento de uma cooperação politica em matéria de juventude e , por isso, inúmeros passos devem ser dados até à adoção de um novo quadro de cooperação para 2010-2018. Passos de gigante como a “urgência do investimento que tem de ser feito na juventude, sob pena de se perder uma geração com grandes potencialidades, qualificações, competências e dinamismo, essenciais ao crescimento e desenvolvimento de um país.”, Concelho Nacional da Juventude.