Por Clara Viana, in Público on-line
O número de professores que, no final de Junho, estavam inscritos nos centros de emprego como desempregados registou um aumento de quase 151% por comparação a igual período de 2011.
Os dados ontem divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) voltam a confirmar que o grupo de "docentes do ensino secundário, superior e profissões similares" é aquele em que se tem registado um maior aumento do desemprego. É uma tendência que se tem vindo a afirmar nos últimos anos e que se aprofundou em 2012.
Segundo o IEFP, no final de Junho o segundo grupo com maior aumento de desemprego era o dos "profissionais de nível intermédio do ensino", com uma subida de cerca de 80%, muito atrás da registada entre os professores. Em Junho de 2011 estavam inscritos nos centros de emprego 2963 docentes. No mês passado, este número subiu para 7432. Por comparação a Maio de 2012, o aumento foi de 10%.
Este ano, o ensino superior foi o principal responsável pelo aumento do desemprego entre os docentes, indicou ao PÚBLICO o dirigente da Federação Nacional de Professores, Luís Lobo. O sindicalista lembra que os números respeitantes ao final de Junho, por coincidirem com o final do ano lectivo, são os que permitem traçar um retrato mais fiel da situação. O que se comprova agora, frisa, é que se registou uma "redução brutal do número de professores do ensino superior" por via da não renovação de contratos a termo, acrescenta.
Este cenário já tinha sido antecipado pelo sindicatos no final do ano passado, quando foram conhecidos os cortes previstos para o ensino superior no Orçamento do Estado de 2012. Os sindicatos indicaram então que o problema da não renovação de contratos não se iria colocar logo, uma vez que a distribuição do serviço lectivo já estava feita, mas sim no final do primeiro semestre ou do ano lectivo, como agora se confirma.
Mas apesar de o principal contributo para o aumento do desemprego docente ter vindo do superior, Luís Lobo, da Fenprof, frisa que também há mais professores do ensino básico e secundário no desemprego, o que para já é sobretudo consequência da criação de mega-agrupamentos, acrescenta. Uma situação que, segundo a Fenprof, irá disparar já no próximo ano por força da revisão da estrutura curricular e de outras medidas implementadas pelo actual ministro Nuno Crato e que, afirmam os sindicatos, poderão levar ao desemprego cerca de 25 mil professores contratados.
Ontem, dezenas de professores compareceram no Parlamento para acompanhar o debate em que a oposição pediu a revogação do decreto sobre a revisão da estrutura curricular. No final houve protestos e vaias a partir das galerias, onde se encontravam os professores, que foram evacuadas pela PSP.