9.5.13

Alunos da Escola Infante Dom Henrique protestam contra falta de apoios

in RTP

Cerca de duas dezenas de alunos da Escola Secundária Infante D. Henrique, no Porto, vocacionada para o ensino técnico profissional, manifestaram-se hoje contra o atraso nos apoios financeiros para transporte e alimentação e para exigir a requalificação do edifício.

Em declarações aos jornalistas, Bárbara Fernandes, aluna do 11.º ano, disse que devido a dificuldades económicas, "alguns alunos passam fome" e outros recorrem, muitas vezes, aos amigos, pedindo-lhes dinheiro emprestado para comer.

"Só recebemos os passes de dois em dois meses, ou de três em três meses. Os alunos que não têm dinheiro para pagar os passes, como é que fazem para vir à escola? A escola diz que não tem culpa, que não são eles que pagam os passes, mas se a escola não dá o dinheiro, como é que o vamos arranjar?", perguntou a mesma aluna.

Questionada sobre a fraca participação no protesto, uma vez que a escola tem cerca de 300 alunos, Bárbara Fernandes disse que "alguns têm medo de se manifestar, não têm a mesma motivação, mas não é que não passem fome e nem precisem dos seus direitos".

Em declarações à Lusa, vários alunos que entravam no estabelecimento de ensino explicaram que não participavam na manifestação porque não sabiam da sua existência e outros disseram não terem motivos para o fazer.

"Às vezes os apoios chegam atrasados, mas temos recebido", disse uma das alunas, acrescentando que "em alguns casos, o subsídio de transporte não é pago, porque os alunos faltam muito".

Uma outra estudante disse não concordar com a manifestação. "Achava bem protestar contra a degradação das instalações, agora dizer que passam fome, é demais", afirmou.

Edgar Rocha, diretor adjunto da escola, considerou que o protesto dos alunos era "uma manifestação partidária", apontando dois elementos pertencentes ao PCP.

"Os subsídios são pagos e nós temos um programa que dá o pequeno-almoço e o almoço a quem comprovadamente necessite. Se eles passassem fome, não estavam ali meia dúzia de `gatos pingados` à porta", acrescentou.

Admitiu, contudo, que às vezes os subsídios são entregues com atraso, mas que isso "tem a ver com o POPH", ou seja, com o Programa Operacional Potencial Humano, inscrito no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

Aquele programa visa, entre outras prioridades, ajudar a superar o défice estrutural de qualificações da população portuguesa, consagrando o nível secundário como referencial mínimo de qualificação, para todos.