6.7.21

Associação CRESCER vence prémio europeu de combate à situação de sem-abrigo

in Público on-line

Associação distinguida pelo projecto “É uma Mesa”, que oferece formação na área da restauração a pessoas sem-abrigo, atribuído pela Federação Europeia de Organizações Nacionais. 

A associação CRESCER venceu esta segunda-feira a medalha de prata nos prémios europeus de combate à situação de sem-abrigo pelo projecto “É uma Mesa”, que oferece formação na área da restauração a pessoas nessa condição.

 “Quisemos provar que a exigência dos menus e das fichas técnicas [de] um “chef” reconhecido em Portugal” também era conseguida por estas pessoas num restaurante “onde servem toda a comunidade”, apontou. Os beneficiários do projecto são depois referenciados para o mercado de trabalho, mas o “É uma Mesa” nunca deixa de prestar-lhes acompanhamento psicológico, ajudando-os também ao nível da habitação, dos apoios sociais e na articulação com as entidades empregadoras. 

A organização portuguesa foi distinguida na 3.ª edição dos prémios “Combate à situação de sem-abrigo”, atribuídos pela Federação Europeia de Organizações Nacionais que trabalham com Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (FEANTSA), numa cerimónia que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Ao receber o prémio, Américo Nave, director executivo da associação explicou que o “É uma Mesa” oferece aos beneficiários uma formação durante um mês com a Escola de Hotelaria de Lisboa, a par de duas semanas de formação com psicólogos na área das relações interpessoais.

Depois, “estão seis meses “on the job” [no trabalho]” no restaurante do projecto, em Carnide, no Bairro Padre Cruz, que tem como consultor o “chef” português Nuno Bergonse. “Quisemos provar que a exigência dos menus e das fichas técnicas [de] um “chef” reconhecido em Portugal” também era conseguida por estas pessoas num restaurante “onde servem toda a comunidade”, apontou.  

Os beneficiários do projecto são depois referenciados para o mercado de trabalho, mas o “É uma Mesa” nunca deixa de prestar-lhes acompanhamento psicológico, ajudando-os também ao nível da habitação, dos apoios sociais e na articulação com as entidades empregadoras.

Segundo o responsável, o que “faz a diferença” no projecto é a confiança nas competências das pessoas que vêm de uma situação de sem-abrigo, deixando de parte o foco no problema da saúde mental e das adições, que é “transversal a toda a sociedade”. A medalha de ouro dos prémios “Combate à situação de sem-abrigo” foi atribuída ao “Romodrom Housing First” da região da Morávia-Silésia, na República Checa, um projecto que dá apoio a famílias ciganas para ter habitação sustentável e digna. A título de exemplo, a responsável do projecto contou a história de uma senhora com 11 filhos “que viviam debaixo da ponte” e com quem agora trabalha desde há dois anos.

O projecto checo conseguiu alugar uma casa onde esta família hoje vive “uma vida feliz”, sendo o objectivo “construir uma vida melhor para estas crianças, dando o apoio necessário”.

A responsável do projecto deixou ainda uma mensagem aos decisores políticos, apelando a que “não desenvolvam projectos de duração reduzida” nem “mudem as políticas a meio” ou “fechem um projecto que esteja a ser bem-sucedido”. “Precisamos de trabalhar com as pessoas durante longos anos. É preciso um trabalho de continuidade que possa efectivamente ajudar as nossas comunidades”, defendeu. O 3.º lugar foi atribuído ao “Housing First Trieste”, um projecto italiano que, além de garantir alojamento aos seus beneficiários, distribui artigos de higiene, produtos alimentares e roupa e dá acesso a programas de educação e formação. A atribuição dos prémios da FEANTSA decorreu no âmbito da Conferência de Alto Nível da Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo, organizada pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).