Isabel Patrício, in Ecoon-line
A pandemia provocou um aumento da taxa de subutilização do trabalho, mas Portugal continua abaixo da média da União Europeia.A subutilização do trabalho agravou-se, na União Europeia, nos primeiros três meses de 2021. De acordo com o Eurostat, a taxa subiu 0,9 pontos percentuais, num trimestre marcado pelo endurecimento das restrições à atividade económica e pelos confinamentos. Em Portugal, a fatia de trabalhadores desempregados, em subemprego a tempo parcial ou inativos no total de mão-de-obra com 20 a 64 anos também cresceu, mantendo-se, ainda assim, abaixo da média do bloco comunitário.
Subutilização do trabalho voltou a subir. Porquê?
A subutilização do trabalho inclui a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis para trabalhar e os inativos disponíveis para trabalhar, mas que não estão à procura de emprego.
De acordo com a nota divulgada, esta quinta-feira, pelo Eurostat, no conjunto da União Europeia, essa taxa fixou-se em 14,8%, no primeiro trimestre, mais 0,9 p.p do que nos últimos três meses de 2020, e mais 1,8 p.p. do que no período homólogo de 2020, altura em que, contudo, o impacto da pandemia ainda era limitado.
A componente principal desse indicador foi o desemprego, que se fixou em 7,1% da “mão-de-obra” com 20 a 64 anos. Já o subemprego dos trabalhadores a tempo parcial fixou-se em 3% e os inativos disponíveis para trabalhador, mas que não está à procura nos 4,1%. De notar que, uma vez que o primeiro trimestre ficou marcado pelo agravamento da pandemia e, consequentemente, das restrições, a procura ativa por trabalho tornou-se mais difícil, o que ajuda a explica a expressão do grupo de inativos que não está a cumprir essa busca por um novo emprego.
Entre os vários países do bloco comunitário, Grécia, Itália e Espanha destacaram-se ao registar as taxas de subutilização do trabalho mais acentuadas: 25,1%, 25% e 25,2%, respetivamente. Por outro lado, a República Checa (4,4%), Malta (6,1%) e a Polónia (6,7%) ocuparam os lugares mais baixos dessa tabela.
Em Portugal, o primeiro trimestre foi sinónimo de um agravamento em cadeia de 0,1 p.p. e de 1,3 p.p. em termos homólogos da taxa de subutilização do emprego para 13,7%. Ou seja, a taxa lusa ficou abaixo da média da União Europeia.
A nota divulgada, esta quinta-feira, pelo Eurostat, dá conta, além disso, de que a taxa de desemprego na União Europeia fixou-se em 71,9%, no primeiro trimestre. Portugal ficou acima do bloco comunitário, com uma taxa de 73,8%.
Por toda a Europa, incluindo em Portugal, a crise pandémica tem fragilizado o mercado de trabalho, pondo em risco milhares de empregos. Os Governos têm respondido com apoios extraordinários, como o português lay-off simplificado.