in Público on-line
O secretário de Estado do Emprego admitiu hoje que “o crescimento [do desemprego] é muito significativo”, mas atribuiu “parte” da subida de 24,5 por cento em Junho a um “maior afluxo” aos centros de emprego devido ao Impulso Jovem
“A situação é claramente muito difícil. O crescimento [do desemprego] é muito significativo e merece a maior preocupação do Governo. No entanto, nos dois meses anteriores verificou-se uma redução no número de inscritos nos centros de emprego, que historicamente se verifica em Abril, Maio e, por vezes, Junho, devido ao crescimento [sazonal] da actividade económica. Portanto, é de admitir que parte desta variação do número de inscritos nos centros de emprego [em Junho] tenha a ver com um maior afluxo por parte de jovens que queiram beneficiar das oportunidades que vão resultar das medidas do Impulso Jovem, que exigem a inscrição no centro de emprego”, afirmou Pedro Silva Martins.
O secretário de Estado falava à agência Lusa à margem do XIV Congresso Internacional de Formação para o Trabalho Norte de Portugal/Galiza, que decorre hoje e sexta-feira no Porto numa iniciativa do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) e onde presidiu à sessão de abertura.
Entre as medidas lançadas pelo Governo para combater o desemprego, Pedro Silva Martins destacou os programas Impulso Jovem - no terreno a partir de 01 de agosto, com 40 mil estágios comparticipados, que são “uma oportunidade muito interessante para empresas que queiram crescer e possam proporcionar formação aos jovens” - Estímulo 2012 e a possibilidade de acumulação do subsídio de desemprego com uma oferta de emprego com determinadas características.
Paralelamente, afirmou que “o Governo está a trabalhar de forma muito intensa para assegurar que os desempregados têm acesso a formação profissional que lhes dê melhores perspectivas”, destacando que o “ambicioso” programa Vida Activa assegurará “uma ligação mais próxima do desempregado ao mercado de trabalho”, criando “condições para combater não só o desemprego cíclico, mas sobretudo o desemprego estrutural”.
“Mas obviamente um factor crítico é sempre o crescimento económico, sem crescimento económico não há perspectivas sustentáveis de combate ao desemprego”, admitiu.
Encarregue da conferência inaugural do congresso, o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou que “o trabalho, numa visão humanista e cristã, não é qualquer coisa de acessório à vida das pessoas, mas a sua realização”, e admitiu que, actualmente, “esta problemática põe-se em tais termos que se requer que todos colaborem em encontrar a melhor solução”.
Relativamente às recentes declarações do bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, que acusou o Governo de Passos Coelho de ser “profundamente corrupto” e comparou “alguns” ministros a “diabinhos negros”, por oposição aos “anjos” do anterior executivo, D. Manuel Clemente disse serem declarações do próprio, sobre as quais não tem “nada a dizer”.