Estes números pintam um cenário negro para a economia portuguesa. Antecipa-se uma redução dos investimentos de maior relevo na economia e uma quebra acentuada da confiança dos consumidores. Desemprego entre as principais preocupações para os portugueses.
Segundo as estimativas da Nielsen, essas não serão as únicas más notícias. Antecipa-se também um certo pessimismo refletido nas perspetivas de emprego para os próximos 12 meses, “já que mais de 80% dos inquiridos afirmam esperar tempos difíceis no que diz respeito a esta situação e cerca de 70% não anteveem perspetivas positivas para as suas finanças pessoais”, segundo os resultados do estudo “The Conference Board Global Consumer Confidence Survey”, conduzido em colaboração com a Nielsen e enviado, esta quarta-feira, às redações.
No documento, é explicado que a confiança dos consumidores em Portugal assistiu a uma quebra de 31 pontos no segundo trimestre, em comparação com período homólogo, caíndo de 94 para 63 pontos e ficando abaixo da média europeia (74 pontos). Este indicador português é um dos mais baixos na Europa, ficando somente à frente de Espanha (62 pontos) e Itália (54 pontos).
Desemprego entre as principais preocupações dos portugueses
A economia e a saúde surgem no mesmo trimestre como as principais preocupações para 47% e 46% dos portugueses, respetivamente. “O valor alcançado para o fator saúde atinge neste período uma marca histórica, evidenciando o efeito e os novos receios associados à pandemia da Covid-19”, explica o relatório.
O emprego surge apenas como a terceira preocupação entre os portugueses. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, que ocupava a segunda posição no trimestre anterior, não alcança agora o pódio das preocupações dos portugueses.
Em linha com este sentimento, 77% dos consumidores portugueses afirmaram terem alterado no último ano os seus gastos para economizar nas despesas domésticas, sendo as principais medidas de poupança em roupa (54%), entretenimento fora de casa (54%), gás e eletricidade (43%), uso do automóvel (40%), pedido de refeições take-away (39%) e férias anuais (37%).
Apesar destas poupanças, o estudo da Nielsen indica que os bens de grande consumo apresentam neste segundo trimestre do ano uma forte tendência de crescimento (+8,2%), tal como já tinha a acontecer no primeiro trimestre (+14%). Portugal posiciona-se assim no 14º lugar entre os 21 países analisados no estudo.