9.9.20

Que país tem menor diferença salarial entre homens e mulheres?

Sara Calado, in Ecoonline
A igualdade de oportunidades entre os homens e as mulheres é crucial para garantir a sustentabilidade de uma economia e de um país. Contudo, ainda serão necessários 257 anos para eliminar a desigualdade de género no mundo, de acordo com a previsão feita pelo Fórum Económico Mundial no período pré-Covid. A desigualdade com base no género manifesta-se em vários níveis, sendo uma delas a disparidade salarial.

A pandemia está a agravar estas desigualdades, já que há mais mulheres a trabalhar no setor dos cuidados informais e, igualmente, devido às características das suas profissões e aumento do trabalho não pago durante o confinamento. Mas afinal, qual o país onde há menor diferença salarial entre os homens e as mulheres? O Global Gender Gap Report 2020, do Fórum Económico Mundial destaca, pelo 11.ª ano consecutivo, a Islândia como o país do mundo com menores níveis de desigualdade de género quando se trata de analisa os valores dos salários.

Em abril deste ano, o salário mínimo na Islândia estava fixado nas 335.000 coroas islandesas (ISK), o equivalente a cerca de 2.072 euros. Até agora, a Islândia já conseguiu fechar quase 88% das disparidades de género. A este país seguem-se, por ordem decrescente, a Noruega, a Finlândia, a Suécia, Nicarágua, Nova Zelândia, Irlanda, Espanha, Ruanda e, finalmente, a Alemanha, em décimo lugar. Portugal surge em 35.º lugar da lista: no nosso país as mulheres ainda têm de trabalhar mais 54 dias para ganhar o mesmo salário de um homem, apesar da evolução positiva dos últimos anos.

Em nenhum dos 153 países analisados pelo Fórum Económico Mundial se conseguiu atingir a igualdade de salários para homens e mulheres. O fosso, a nível global, é de 69%.

Menos remuneração por funções semelhantes, mais mulheres em funções com salários mais baixos e pouca representação de mulheres em cargos de chefia e na política estão entre as várias razões que agravam o fosso salarial entre géneros. O Fórum Económico Mundial refere que são necessários 95 anos para eliminar a desigualdade na representação política.

A pandemia parece ter vindo piorar as previsões, pois são as mulheres o grupo que está mais vulnerável a uma situação de insegurança económica devido à Covid-19. Em média, nos países da OCDE, as mulheres representam mais de 50% dos profissionais em serviços de venda de produtos alimentares e restauração, 60% na hotelaria, e mais de 60% no setor do retalho, refere o relatório OECD Employment Outlook 2020 – Worker Security and The Covid-19 Crisis.
Portugal com caminho por percorrer

Em Portugal, os homens continuam a ganhar 14,4% mais do que as mulheres, de acordo com os últimos dados do Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Em junho deste ano, o Comité dos Direitos Sociais do Conselho da Europa acusou Portugal de violar o compromisso que assumiu de promover a igualdade de género a nível salarial. Referia-se ao artigo 20.º c. da Carta Social Europeia Revista — assinada por Portugal em 1996, ratificada em 2001 e com entrada em vigor em 2002 — que determina que deve ser garantido o direito a oportunidades e tratamentos iguais no emprego, sem discriminação salarial de género.

Mas começam a ser dados os primeiros passos: em maio deste ano, o Banco Central Europeu decidiu estabelecer a meta de atingir uma quota de mulheres em cargos diretivos e em diferentes níveis entre 40% e 51% até 2026. Algumas destas medidas colocam a Europa Ocidental no topo da lista do mesmo relatório do Fórum Económico Mundial, sobre o tempo necessário para eliminar as desigualdades de género: 54 anos. A pior previsão vai para a região Ásia Pacífico, onde faltam 163 anos para atingir a igualdade de género.