26.6.12

"Não há histórico de dados como estes" de quebra de vendas no setor da distribuição

in Jornal de Notícias

A diretora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição afirmou, esta terça-feira, que as quebras de vendas no retalho no primeiro trimestre não têm histórico nos dados que a associação divulga, há mais de 15 anos.

Segundo o barómetro de vendas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), do primeiro trimestre, as vendas totais dos segmentos alimentar e não alimentar caíram 3,7 por cento no primeiro trimestre, face a igual período de 2011, para 4.554 milhões de euros.

No retalho alimentar, o volume de vendas ficou praticamente estagnado, ao crescer 0,2 por cento, para 2.640 milhões de euros, enquanto no não alimentar o valor foi de 1.914 milhões de euros, menos 8,6 por cento.

"Não há histórico de dados como estes", afirmou Ana Isabel Trigo Morais, em declarações aos jornalistas na apresentação do barómetro.

"O consumo em Portugal está em queda livre", disse a diretora-geral da associação, acrescentando que não há histórico de quebras tão acentuadas desde que a APED começou a tratar destes dados, há mais de 15 anos.

Os dados sobre o retalho alimentar têm acomodado a reclassificação de bens devido à subida do IVA e ao efeito da inflação, que está nos 3,4 por cento, "o que faz com que os preços subam apesar do consumo estar a diminuir".

No retalho alimentar, o preço médio dos bens aumentou 5,8 por cento, os atos de compra cresceram 4,9 por cento, enquanto o gasto por ato de compra recuou 0,5 por cento.

Segundo Ana Isabel Trigo Morais, isto revela que há uma nova mudança de hábitos no consumo dos portugueses.

Anteriormente, o consumidor ia menos vezes às compras e gastava um pouco mais, mas agora os atos de compra aumentaram, ou seja, as pessoas vão mais vezes às compras e tentam gastar o menos possível.

O barómetro revela ainda que os portugueses passaram a preferir os hipermercados (subida de 0,8 pontos percentuais) e supermercados (mais 0,1 pontos percentuais), em detrimento dos discounters e outros locais, que recuaram 0,6 e 0,4 pontos percentuais, respetivamente.

"Há uma preferência clara nos hipers e nos supers em relação a outros formatos, o que têm a ver com a dinâmica concorrencial" e com o facto de já não haver grandes diferenças de preços, disse.

Outro dado é que a marca própria, da distribuição, aumentou 2,4 pontos percentuais entre janeiro e março deste ano, face a igual período de 2011, para 36,4 por cento.

"Este é um sinal que o consumidor em Portugal está focado no preço", sublinhou.
Já a marca de fabricante recuou 2,4 pontos percentuais, tendo agora uma quota de 63,6 por cento.