21.6.12

Há mais dinheiro em Lisboa mas também mais desigualdade



in TVI24

Capital é uma das três regiões do país com mais baixa taxa de risco de pobreza e, simultaneamente, maior concentração do poder de compra Famílias com crianças gastam mais 10 mil euros por anoPortugal perdeu 30.317 pessoas num anoMais de 1,2 milhões de idosos vivem sozinhos ou com outros idososInternet: mais de metade de portugueses ligados em 2010Número de pessoas em risco de pobreza manteve-se em 2009As famílias que vivem na zona de Lisboa são as que têm maiores rendimentos, em média, mas é também nesta região que se encontram as maiores desigualdades, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com o «Inquérito às Despesas das Famílias 2010/2011», divulgado nesta quinta-feira pelo INE, apenas três regiões do país apresentam uma taxa de risco de pobreza abaixo da média nacional, que se situa nos 14,8 por cento: em primeiro lugar surge o Algarve (11,3%), seguido de Lisboa (14,2%) e o Centro (14,6).

Nas outras regiões, a proporção da população cujos rendimentos estão abaixo da linha de pobreza é superior à média nacional, sendo os Açores a zona mais preocupante, com uma taxa de risco de pobreza de 17,9%.

Já o indicador de desigualdade na distribuição do rendimento (o Coeficiente de Gini) apresenta Lisboa como a região mais desequilibrada: esta é a única do país com um coeficiente de Gini superior à média nacional, que se situa nos 33,2%.

Lisboa surge assim como uma das regiões com mais baixa taxa de risco de pobreza e maior concentração do poder de compra.

As zonas do país onde os rendimentos estão mais bem distribuídos pelas famílias são o Algarve (28,4%), o Alentejo (29,2%), o Centro (29,7%) e a Madeira (29,9%). Acima dos 30% surgem o Norte do país (31,3%), os Açores (32,1%) e, por último, Lisboa, com 37,1%.

As famílias da região de Lisboa são as que apresentam maior despesa média anual, mas também mais rendimentos líquidos totais anuais. Em média, o rendimento de um agregado é de 27.468 euros, em oposição à região do Alentejo, que apresenta o valor mais baixo (20.643 euros).

A nível nacional, o rendimento líquido total anual médio, em 2009, foi de 23.811 euros por agregado familiar, sendo 19.201 euros de rendimento monetário e 4.610 euros de rendimento não monetário.

O inquérito do INE revela ainda que o rendimento do trabalho representa pouco mais de metade (54,5%) dos rendimentos das famílias, sendo que quem trabalha por conta de outrem tem rendimentos sete vezes superiores a quem trabalha por conta própria (11.378 euros face a 1.593 euros).

Além do trabalho, existem ainda os rendimentos oriundos das pensões que, em média, rondam os 4.943 euros por agregado familiar (21% do rendimento total anual médio).

Entre os rendimentos não monetários das famílias, o INE dá conta do autoconsumo, que pode passar pelo cultivo de um pequeno espaço para consumo próprio, o autoabastecimento e a autolocação, que corresponde ao valor de renda que é estimado pelos proprietários de residências ou de usufrutuários de alojamentos gratuitos.
Em 2009, a autolocação representava mais de 75% do rendimento não monetário, e cerca de 15% do rendimento total anual, lê-se no relatório do INE.

Os resultados hoje divulgados baseiam-se numa amostra representativa dos agregados familiares residentes em Portugal feita durante um inquérito realizado entre março de 2010 e março de 2011.